Ensinou o computador a diagnosticar cancro da mama e ganhou prémio da Google

Jovem desenvolveu programa que detecta nas imagens médicas a presença de células malignas. Brittany ganhou o primeiro prémio mundial da competição Google Science Fair

Foto
Brittany Wenger

Uma norte-americana de apenas 17 anos foi a vencedora do concurso Google Science Fair deste ano, patrocinado por aquele gigante tecnológico. A jovem desenvolveu um programa que, actuando como um cérebro, consegue detectar nas imagens médicas a presença de células malignas. Esta invenção está direccionada para o cancro da mama, uma doença que já afectou membros da família da jovem.

Chama-se Brittany Wenger e vive em Lakewood Ranch, no estado da Florida. Podia ser uma adolescente como tantas outras, mas não é. É uma jovem motivada e muitíssimo inteligente que decidiu, quando andava no sétimo ano de escolaridade, que iria - sozinha - aprender a programar.

“Dei de caras com a inteligência artificial e fiquei simplesmente cativada. No dia seguinte comprei um livro de programação e decidi que era isso que iria ensinar a mim própria”, explica Brittany, citada pela NBC. O primeiro programa que desenvolveu tinha como pano de fundo o futebol, mas depressa enveredou por temas muito mais sérios: o cancro.

Mais especificamente o cancro de mama, que afecta uma em cada oito mulheres em todo o mundo, incluindo membros da sua família. Foi precisamente a este problema que Brittany dedicou os seus esforços que acabaram por lhe valer, no final de Julho, o primeiro prémio mundial da competição Google Science Fair

Muito simplisticamente, Brittany explica o que fez: “Ensinei o computador a diagnosticar cancro da mama.” Quando a jovem diz “computador” refere-se a uma rede neuronal que programou e que está disponível na "nuvem" [em regime de "cloud computing"]. “E isto é muito importante porque, actualmente, a forma menos invasiva de biopsia é, igualmente, a menos conclusiva, por isso muitos médicos não a podem usar”. 

Aquilo que Brittany pretendeu com a sua criação foi fornecer aos médicos um método de diagnóstico mais certeiro usando um processo menos invasivo. “A detecção numa fase inicial é muito importante”, disse Wenger, igualmente citada pela NBC, “e é isso que eu estou a tentar fazer com o meu trabalho”. 

A rede “neuronal” artificial criada pela jovem é, essencialmente, um programa de computador que pensa como um cérebro mas que consegue detectar nas imagens padrões que são demasiado complexos para os humanos, explicou a adolescente. À medida que estes sistemas agregam mais dados, mais rigorosos se tornam.

7,6 milhões de ensaios

Para este projecto em concreto, Brittany expôs a rede a 7,6 milhões de ensaios e conseguiu atingir uma extraordinária percentagem de rigor na detecção de células malignas: 99,1%. Aliás, o grau de rigor do programa de Brittany ultrapassa outros programas do género, já existentes no mercado, por uma percentagem de 4,97%. “À medida que recolho mais dados, a taxa de sucesso irá aumentar e a data de incerteza diminuirá.

Com mais dados, acho que isto estará pronto para uso hospitalar”, afirmou Brittany. Aquilo que a jovem pretende agora é alargar a detecção de cancros a outros órgãos. “Será necessário mais alguma programação e algumas afinações, mas será muito fácil adaptar a rede de forma a que possa diagnosticar outros tipos de cancro e, potencialmente, outros problemas médicos”, disse. 

Antes de deitar mãos ao trabalho, Brittany irá primeiro desfrutar do prémio da Google que consiste numa bolsa académica no valor de 50 mil dólares, num estágio junto de um patrocinador que queira aproveitar o trabalho da jovem e ainda numa viagem de dez dias às Ilhas Galápagos. “Nunca estive na América do Sul. Estou muito entusiasmada”, confessou a jovem à NBC.

Sugerir correcção
Comentar