“Quero que saibam porque milhares de pessoas do meu país estão nas ruas”, começa por dizer uma jovem, de olhos azuis, depois de dizer que é uma ucraniana de Kiev. Num vídeo — de apenas dois minutos, online desde 10 de Fevereiro e já com quase quatro milhões de visualizações —, explica o que tem acontecido no seu país, num relato emocionado.
É mais um a juntar aos muitos testemunhos pessoais, músicas e transmissões em directo sobre os protestos na Praça da Independência, em Kiev, que duram desde Novembro de 2013, partilhados um pouco por todo o mundo. “Queremos ser livres da ditadura e dos políticos que só trabalham para si mesmos, prontos para disparar, ferir e espancar pessoas para salvarem o seu dinheiro, as suas casas e o seu poder.”
À CNN, o realizador do vídeo, Ben Moses, revelou alguns detalhes sobre a jovem: sabemos que tem 25 anos, que nasceu e cresceu em Kiev, onde vive, e que é casada. O nome não é mencionado, uma vez que ela teme retaliações. “Sei que amanhã talvez não tenhamos telefones ou ligação à Internet (...) e que a polícia nos pode matar, um a um”, refere no vídeo.
O documentário “A Whisper to a Roar” — que conta a história de activistas pela democracia no Egipto, na Malásia, na Venezuela, no Zimbabué e na Ucrânia — é a razão por que Ben Moses estava em Kiev em Dezembro de 2013, quando o vídeo foi filmado.
“Centenas de milhares de pessoas normais inundaram as ruas, finalmente fartas da corrupção e dos líderes deste governo, agarrados ao poder”, descreveu ao Huffington Post (HP). Nos protestos, Moses conheceu famílias com crianças e ouvir as suas histórias funcionou como um estímulo para “fazer alguma coisa para espalhar as suas palavras”.
“Esta jovem personifica a vasta maioria da população nas ruas do país e fala de coração dos protestos. Os vastos 99 por cento não são criminosos ou neo-nazis, são cidadãos normais que simplesmente se fartaram”, remata o documentarista norte-americano ao HF.
Às pessoas que assistam ao vídeo, a jovem pede que o partilhem e que denunciem a situação no seu país. “Somos um povo civilizado mas os nossos governantes são bárbaros (...) Queremos ser livres.”