PUTRICA, uma cambalhota artística em Freamunde

Não é um evento completamente sem rede. Aqui há escadotes via Facebook, há refeições na cantina nos Bombeiros e um T3 virado para as Festas Sebastianas. E street art

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Paulo Pimenta
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Enquanto em Lisboa se discute que tipo de coimas aplicar à arte de rua e o Porto corta o mal pela raíz, Freamunde — sim, Freamunde — segue exemplos como Covilhã e Ponta Delgada para apresentar a "street art" às pessoas. Chama-se PUTRICA. Apontem.

Alma, Bafo de Peixe, Eime, Fedor, Fedra, Go Mes, Hazul, Luís Andrade, Mots, Oker, Pedro Podre e Tiago Casanova. Estes são alguns dos nomes que aceitaram o desafio de Frederico Soares Campos, arquitecto, artista, freamundense e organizador do PUTRICA (Propostas Urbanas Temporárias de Reabilitação e Intervenção Cultural e Artística), que ficará em Freamunde para além do dia 13 de Julho e para além das Festas Sebastianas, que levam à localidade milhares de visitantes.

"Estamos a descobrir como se faz à medida que está a ser feito", contou ao P3, Frederico "Draw" Campos, provavelmente o artista com mais paredes assinadas em Freamunde. Num "meio pequeno" torna-se fácil desencantar um T3 no centro, virado para a festa. Ou refeições gratuitas para os artistas (almoços e jantares na cantina dos Bombeiros). Ou escadotes (lançamos um apelo no Facebook?).

Por isso, porque a comunidade está receptiva, PUTRICA não é um projecto completamente sem rede. A comissão de festas queria que as pessoas que chegassem às Festas Sebastianas fossem recebidas por "street art". O jovem arquitecto lembrou-se dos "edifícios devolutos e descaracterizados em ruas centrais da cidade", edifícios com valor histórico, cultural e social como a Fábrica do Calvário ou a antiga Fábrica Grande, onde trabalhou o seu avô e os avós de muitos dos seus amigos.

Cambalhota artística

Se a palavra "putrica" significa para as gentes de Freamunde "cambalhota, brincadeira e cultura popular", a partir de agora significará também arte urbana. "Uma cambalhota no movimento artístico da região é um dos objectivos da organização", que conta também com o trabalho de Sara Ribeiro e de Nelson Silva.

"Acho que já está no mapa. Já se fala", assume Draw, com "um percurso físico pensado, através de ruas e vielas". "Isto acontece por causa da facilidade com que se conseguem autorizações ao contrário das grandes cidades, onde a street art é cada vez mais barrada. No Porto, é um processo que está a retroceder, mas que ainda vai dar uma volta. Claro que há uma mensagem implícita. Daí o facto de deslocarmos o festival para aqui".

Aqui é Freamunde.

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