“Experience the velvet touch” (“Experimenta o toque de veludo”) era a expressão que recebia os visitantes do stand da Portcril, na Feira de Lyon. Em causa, estava a “Sauna Lusa”: uma sauna revestida em cortiça.
Segundo José Carlos Tinoco, o designer responsável pela ideia, os visitantes da exposição não perdiam a oportunidade de experimentar o toque do revestimento “aveludado, diferente do toque da madeira”.
O criador desta sauna, produzida pela Portcril, aponta algumas vantagens na utilização da cortiça.
“Para além das diferenças no aspecto e na textura, há vantagens energéticas. A cortiça é um mau condutor térmico, o que se traduz numa diminuição da energia necessária para que se atinja uma temperatura adequada. Para além disso, extrair cortiça não mata a árvore, ao contrário do que acontece na extracção da madeira”, explica, ao P3, o designer.
José Carlos Tinoco destaca outro aspecto que considera vantajoso: o manuseio da sauna. “Duas pessoas podem montar esta sauna numa hora. Os painéis são facilmente transportáveis, a própria sauna é extremamente portátil”, garante.
O momento de inspiração
José Carlos Tinoco tinha em mente o projecto de construir uma sauna em madeira quando, numa madrugada, viu um programa na RTP2 que o fez mudar de ideias.
Nessa emissão, foi apresentada uma empresa portuguesa que desenvolvera produtos em cortiça. Uma dessas peças tinha sido adquirida pelo Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque.
“Foi como quando Fernando Pessoa, em 8 de Março de 1914, se encostou à cómoda alta onde costumava escrever e criou trinta e tal poemas de seguida. Ao ver aquele programa, surgiu-me a ideia de fazer a sauna em cortiça. Fui investigar e cheguei à conclusão de que não havia nenhum produto como este no mundo”, afirma.
A produção
A construção do protótipo envolveu testes à resistência da cortiça ao calor, uma vez que não havia dados anteriores sobre a sua utilização como revestimento de saunas. Foi feita uma parceria com a Amorim Revestimentos, para que se realizassem testes laboratoriais.
As placas de cortiça estiveram cerca de 700 horas expostas a temperaturas de 104º. “O comportamento foi exemplar, no que dizia respeito a possíveis dilatações, contracções, libertação de odores ou toxicidade”, explica José Carlos Tinoco. Os testes foram repetidos, desta vez com a cortiça aplicada no protótipo, e os resultados foram positivos.
A linha de cortiça
A "Sauna Lusa" acabou por dar origem a uma linha de produtos feitos em cortiça. É o caso do “Simbiosis”, um combinado que reúne sauna em cortiça, banho turco e chuveiro.
Para além disso, José Carlos Tinoco está a desenhar peças de mobiliário e de iluminação feitas em cortiça para, segundo o próprio, “completar a inserção da sauna” num determinado ambiente.