No âmbito da disciplina de Ergonomia das Aplicações Multimédia, foi analisado com a estudante Lúcia Sousa um estudo recente realizado pela UMIC (Agência para a Sociedade do Conhecimento) sobre a acessibilidade de alguns sítios web de carácter informativo.
Estamos frente a um computador. É fácil acedermos ao que queremos. Conseguimos ver bem os menus, as imagens, ler os textos… Agora fechemos os olhos. Negro.
Não vemos nada. Não sabemos sequer aceder ao menu inicial do sistema… Imaginemos como será “ver” assim diariamente… Numa legítima demanda pelo acesso à informação.
Felizmente, cada vez mais, a tecnologia e o desenho de interacção dos projectos direccionam esforços em prol de funcionalidades exequíveis para toda a população portadora, ou não, de qualquer deficiência temporária ou permanente.
Um défice de acuidade visual (por deficiência ou contexto de uso adverso) não deve impossibilitar o acesso à World Wide Web e, consequentemente, à informação.
Num recente estudo desenvolvido pela UMIC sobre a avaliação das condições de acessibilidade de sítios web portugueses de carácter informativo conclui-se que a comunicação social portuguesa está longe de obedecer a critérios razoáveis de acessibilidade.
É aqui evidenciado que a imprensa escrita online recorre a conteúdos em formato “PDF” indevidamente estruturados, sendo que a TV e rádio os disponibilizam em “flash”. Ambas as situações, determinando que a manipulação dos conteúdos seja feita por intermédio do rato, o que, per se, condiciona o acesso à informação a vários utilizadores.
No estudo realizado, ao nível da imprensa televisiva, foram alvo de análise os sítios web da RTP, SIC e TVI, sendo que os conteúdos desta última responderam melhor aos requisitos de acessibilidade na web. Não obstante, nenhum dos três alcançou o nível mínimo de conformidade de acesso previsto por lei.
A imprensa radiofónica, apresentou piores resultados que a televisiva. Nos sítios web da Antena 1, Rádio Renascença e TSF detectaram-se falhas básicas, mas com repercurssões severas na inclusividade da informação, como a legendagem das imagens. Já a imprensa escrita online apresentou os resultados menos conseguidos, comparativamente com as páginas de comunicação social televisivas e radiofónicas.
Numa sociedade que, tendencialmente, se quer inclusiva nos deveres e direitos dos cidadãos, os média, decorrente da responsabilidade social cuja atividade obriga, devem considerar estas lacunas no acesso aos conteúdos, redesenhando os sítios web para um acesso mais universal.