Movica, uma janela para África
Mostra de vídeo e cinema africano está no Cinema Passos Manuel, no Porto, entre os dias 5 e 8
Ermelinda, uma enfermeira que trabalha no Hospital Central de Maputo, descobre que está grávida e decide deixar o marido Jerry de quem sofre abusos. No entanto, no autocarro acontece algo que vai colocar a sua decisão em causa.
Esta é a sinopse da curta de ficção “Mahla”, de Mickey Fonseca (da pequena produtora moçambicana Mahla Filmes), uma das vitórias da Movica, mostra de vídeo e cinema africano que pretende ser um motor, uma “janela para África”, como sublinhou ao P3 João Belo, da ATACA (Associação de Tutores e Amigos da Criança Africana).
“Tentamos bater à porta deste, que conhece aquele”, diz um dos organizadores da Movica — a terceira edição decorre no Cinema Passos Manuel, no Porto, de 5 a 8 de Outubro — referindo-se às dificuldades inerentes à recolha de filmes africanos. “É uma pena que não haja uma rede estável e de fácil acesso”, conclui João Belo.
Graças ao sistema porta a porta, o cartaz é composto por sete filmes/documentários (com sessões a partir de 22h), a começar com um dia passado na Luanda do pós guerra (“É Dreda Ser Angolano”, de Pedro Pires) e com as histórias de Miguel Moreira e Ruben Furtado, jovens descendentes de emigrantes cabo-verdianos em Portugal (“Li Ké Terra”, de Filipa Reis, João Miller Guerra e Nuno Baptista.
60 dias sem telemóvel
O segundo dia conta com a animação “Viagem a Cabo Verde”, de José Miguel Ribeiro (pela produtora Sardinha em Lata), que reduz a uma curta-metragem uma viagem de 60 dias “sem telemóvel ou relógio, sem programar antecipadamente e com o essencial às costas”.
Ainda na quinta-feira será exibido o filme “Terra Longe”, de Daniel E. Thorbecke, parte da vida das gentes de Chá das Caldeiras, em Cabo Verde, localidade no sopé do Pico do Fogo e do sempre presente vulcão activo da Ilha do Fogo.
No penúltimo dia apresenta-se o filme “Ilha da Cova da Moura”, de Rui Simões (“a verdadeira Cova da Moura”), ficando reservado para sábado a ficção “O Último Voo do Flamingo”, de João Ribeiro. Sinopse: “Logo após o fim da guerra civil em Moçambique, estranhas explosões fazem desaparecer 5 soldados das forças de paz das Nações Unidas sobrando deles apenas o pénis e os seus capacetes”.
O dinheiro das entradas reverte a favor dos projectos da ATACA de apoio a crianças desfavorecidas em Moçambique (nomeadamente nas localidades de Quelimane, Ocua e Inhassunge).