Engenheiros demoram mais tempo a acabar o curso

Quase um terço dos alunos das engenharias continua inscrito na licenciatura quatro anos após iniciá-la. Informática tem a mais alta taxa de abandono.

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Rita Chantre

Os futuros engenheiros são quem mais tempo demora a acabar o curso superior, mostra um estudo sobre os percursos dos estudantes do ensino superior, publicado no final da semana passada pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC). Estes dados sublinham as dificuldades que os estudantes portugueses têm com a Física e a Matemática, duas disciplinas centrais para estas formações.

Quatro anos após o ingresso no ensino superior, 28% dos estudantes que entram em cursos de Engenharia ainda estão inscritos na mesma formação, não a tendo conseguido completar dentro dos três anos previstos. Esta é a taxa mais elevada de todas as áreas de estudos que foram analisadas no relatório da DGEEC.

As outras duas áreas que apresentam um valor elevado de alunos que se mantinham ainda inscritos na licenciatura sem a terem conseguido concluir também estão ligadas à Engenharia. São os cursos de Serviços de Transportes (26%) – que estão habitualmente nos departamentos de Engenharia Civil das universidades – bem como de Informática (24%).

A área da Informática é também aquela que apresenta um nível de abandono do ensino superior mais elevado, com 36% dos estudantes a deixarem o ensino superior sem terem conseguido concluir a formação.

“Isto tem muito que ver com as dificuldades dos alunos com a Física e a Matemática”, defende o presidente da Federação Académica do Porto, João Pedro Videira. Os números “causam alguma aversão aos estudantes”, ilustra.

No ano passado, a Física voltou a ser a disciplina com piores classificações nos exames nacionais do ensino secundário, que dão acesso ao ensino superior. Apesar da melhoria na Matemática no ano passado, esta é também uma área onde os estudantes nacionais têm demonstrado dificuldades ao longo dos anos.

Em sentido contrário, entre as áreas onde há taxas de conclusão do curso superior mais elevadas, só uma está ligada às ciências exactas. É a Saúde, onde 70% dos estudantes completa a formação nos três anos previstos. As outras duas são Serviços Sociais (75%) e Informação e Jornalismo (69%).

Estas três áreas são, ao mesmo tempo, aquelas em que há um menor número de alunos ainda inscritos nos mesmos cursos quatro anos depois de neles entrarem: 3% no caso de Serviços Sociais, 8% na Saúde e 4% em Informação e Jornalismo.

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