NFL e NBA em guerra com Trump após ataques a atletas
Presidente dos EUA disse que os "filhos da mãe" dos atletas que protestam durante o hino nacional devem ser "despedidos".
O Presidente norte-americano Donald Trump comprou uma guerra com duas das principais ligas desportivas profissionais nos Estados Unidos após dirigir ataques ao basquetebolista Stephen Curry, estrela maior dos Golden State Warriors, e aos jogadores de futebol americano que recusaram ouvir o hino nacional de pé em protesto pela violência policial contra cidadãos negros.
Na sexta-feira, num comício republicano no estado do Alabama, Trump insultou os jogadores de futebol americano que protestam de tal forma, chamando-lhes “filhos da mãe” e declarando que os atletas deviam ser “despedidos” pelos seus clubes.
“Não adoravam ver um destes proprietários de equipas da NFL, quando alguém desrespeita a nossa bandeira, dizer ‘Tirem aquele filho da mãe do campo imediatamente. Está despedido’?”, perguntou.
Trump afirmou ainda que o proprietário que despedir um atleta por tal motivo será “a pessoa mais popular do país”.
Os protestos durante o hino nacional no futebol americano multiplicam-se desde 2016, iniciados pelo jogador Colin Kaepernick, que entretanto se tornou em alvo do ódio dos sectores mais radicais da direita norte-americana. Vários atletas, tanto negros como brancos, mas sobretudo afro-americanos, têm seguido o exemplo e ouvido o hino com um joelho no chão.
Trump desafiou ainda os espectadores a abandonarem os estádios sempre que um atleta protestasse durante o hino.
Campeões da NBA não vão à Casa Branca
Já este sábado, a controvérsia chegou também à NBA quando o Presidente norte-americano escreveu no Twitter que Stephen Curry, jogador dos campeões Gold State Warriors, deixou de estar convidado a visitar a Casa Branca na qualidade de vencedor do campeonato de basquetebol.
Em causa estão as palavras proferidas no dia anterior por Curry, que revelou que iria votar contra a ida dos Warriors à Casa Branca.
“Não apoiamos o nosso Presidente – as coisas que disse e as coisas que ele não disse nos termos correctos, não apoiamos isso. E ao agir e não ir [à Casa Branca], talvez isso inspire algumas mudanças sobre o que toleramos no nosso país, o que é aceitável e aquilo que devemos ignorar”, disse Curry, que referiu as declarações de Trump sobre Kaepernick como um dos motivos para o protesto.
“Ir à Casa Branca é considerado uma grande honra para uma equipa campeã. Stephen Curry está a hesitar, por isso o convite foi retirado”, escreveu Trump no Twitter.
Mais tarde, os Golden State Warriors confirmaram que não vão visitar a Casa Branca: "O Presidente Trump tornou claro que não fomos convidados".
"Acreditamos que não há nada mais americano que os nossos cidadãos terem o direito de se expressarem em liberdade sobre assuntos que consideram ser importantes", lê-se num comunicado da actual equipa campeã da NBA.
LeBron James chama "vagabundo" a Trump
Os dois episódios motivaram já reacções de peso. A NFL, num comunicado do seu comissário, acusou Trump de “uma infeliz falta de respeito” pela liga, a modalidade e os jogadores, e de “não compreender a esmagadora força positiva que os clubes e os jogadores representam nas comunidades”.
Entretanto, dezenas de jogadores anunciaram a intenção de voltar a protestar durante o hino já nos encontros deste domingo.
Da parte da NBA, a reacção mais forte é a de LeBron James, estrela dos Cleveland Cavaliers, três vezes campeão, quatro vezes eleito melhor jogador do campeonato e um dos atletas mais bem pagos do mundo.
“Seu vagabundo, Stephen Curry já tinha dito que não iria. Ir à Casa Branca era uma grande honra até tu apareceres”, escreveu LeBron no Twitter.
Entre ex-jogadores da NBA, destaque para a reacção de Kobe Bryant (ex- Los Angeles Lakers): "Um Presidente dos EUA cujo nome apenas gera divisão e fúria, cujas palavras inspiram discórdia e ódio, jamais poderá Make America Great Again [tornar a América grande de novo, o slogan de campanha de Trump]".