Seca severa e extrema atinge 60% de Portugal continental
Cenário desagravou-se ligeiramente durante o mês de Agosto. Quercus pede uma menor aposta na agricultura intensiva de regadio
Sessenta por cento de Portugal continental estava no final de Agosto em situação de seca severa e extrema, menos 20 por cento do que no final de Julho, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
A situação de seca meteorológica mantém-se em todo o território, adianta o boletim climatológico de Agosto, sublinhando, porém, que se verificou durante o último mês “um desagravamento da área em seca severa e extrema”.
A 31 de Agosto, 58,9% do território estava em seca severa e 0,7% em seca extrema, contrastando com os 69,6% em seca severa e 9,2% em seca extrema verificados no final de Julho. Segundo o boletim, 2,6% do território estava em seca fraca e 37,8% em seca moderada.
O IPMA classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre "chuva extrema" e "seca extrema".
Apesar deste desagravamento, o mês de Agosto é classificado como quente e extremamente seco, com um valor médio de precipitação em Portugal continental de 8,2 milímetros, o que corresponde a 60% do valor médio, segundo o IPMA.
Quercus pede travão à agricultura intensiva de regadio
Perante este cenário, Quercus lança um apelo a que se trave a agricultura intensiva de regadio, que apresenta consumos elevados de água. “A agricultura é o sector com maior peso no volume de água consumido a nível nacional, representando cerca de 75%”, afirma a associação ambiental, sublinhando que este peso poderia ser menor "se não fosse a excessiva aposta nas culturas agrícolas intensivas de regadio, assentes no uso de pesticidas que empobrecem os solos e contaminam os aquíferos”.
A Quercus considera que esta opção, em detrimento das culturas agrícolas de sequeiro, “é muito questionável para o futuro quando a grande maioria dos cenários aponta para períodos de seca cada vez mais acentuados” em Portugal. “É importante não desvalorizar a gravidade da situação que o país atravessa, sendo urgente tomar medidas, não só ao nível dos efeitos que já se fazem sentir, mas também da adaptação a um novo cenário que se prevê ser, cada vez mais, a nova normalidade.”
Nesse sentido, a Quercus defende que é preciso “resolver este problema na raiz”, “apostando na agricultura menos dependente de grandes quantidades de água e privilegiando variedades autóctones, mais adaptadas ao clima e mais resistentes aos futuros cenários de seca”.
A associação ambientalista exige que o Governo, no âmbito da próxima revisão da Política Agrícola Comum (PAC), negoceie com Bruxelas “um reforço de apoios para uma agricultura mais sustentável, menos dependente de água e mais bem preparada para o futuro do país.