Festival da Canção em Guimarães, Eurovisão em Lisboa

As eliminatórias acontecem a 8 e 10 de Maio e a final está marcada para dia 12.

Foto
Salvador Sobral e Luísa Sobral na final do Festival Eurovisão da Canção LUSA/SERGEY DOLZHENKO

A edição de 2018 do Festival da Canção terá lugar em Guimarães, Capital Europeia da Cultura em 2012, no Pavilhão Multiusos. Já o Festival Eurovisão da Canção decorrerá em Lisboa, e essa foi uma escolha da RTP, anunciada esta terça-feira em conferência de imprensa pelo presidente do conselho de administração da RTP, Gonçalo Reis.

Em Lisboa, o evento ocupará todo o eixo ribeirinho, com o Terreiro do Paço a ser cedido à organização pela Câmara Municipal de Lisboa durante dez dias (a programação para este espaço ainda não foi divulgada), e o concurso a decorrer no Meo Arena, no Parque das Nações. As eliminatórias acontecem a 8 e 10 de Maio e a final está marcada para dia 12. Para o presidente da RTP, a organização do festival, que será seguido por "200 milhões de telespectadores", é "uma grande oportunidade". Para Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, é um evento que para a cidade só é ultrapassado pela Liga dos Campeões (disputada no Estádio da Luz em 2014), quanto ao impacto económico.

A estação pública portuguesa e a EBU (European Broadcasting Union, em português União Europeia de Radiodifusão), entidade que supervisiona a organização do evento, avaliaram 5 cidades: Braga, Gondomar, Guimarães, Lisboa e Santa Maria da Feira. A análise destas cidades seguiu critérios de avaliação específicos e ajustados aos padrões impostos pela EBU. O recinto de espectáculos não foi o único critério a ter em conta. Pediu-se proximidade com o aeroporto, uma vasta rede hoteleira, disponibilidade de espaços para as estruturas técnicas e logísticas, envolvente social e de apoio às várias delegações presentes no evento (que vão desde restaurantes, bancos, hospitais a centros de imprensa). Foi por isso que Lisboa venceu. 

A autarquia irá cobrir grande parte dos custos do festival que será organizado em Portugal na sequência da vitória de Salvador Sobral em Maio passado, em Kiev, na Ucrânia, sendo os espaços cedidos a título gratuito. O Turismo de Portugal irá cobrir também uma parte das despesas, com o concurso televisivo a ficar a cargo da RTP. 

Segundo Fernando Medina, que também esteve presente na conferência de imprensa que decorreu na sede da RTP esta terça-feira, espera-se que o investimento global seja inferior a 5 milhões de euros, embora o valor total dos custos seja ainda desconhecido. Adiantou que o Turismo de Lisboa irá também cobrir uma parte das despesas da organização através das verbas do Fundo de Investimento Turístico: “na gíria, a famosa taxa turística", disse o presidente da câmara. “Nós não despenderemos um tusto dos contribuintes. Nós utilizaremos os recursos que arrecadamos através desse contributo, que é dado através do turismo, para investir na oferta da cidade e neste tipo de eventos”, esclareceu Fernando Medina. 

Os moldes em que a estação pública irá organizar o festival já estão decididos. Como Nuno Artur Silva, administrador da estação organizadora, explicou ao PÚBLICO, a EBU tem parâmetros específicos que têm de ser aplicados: é “um livro com um conjunto de regras” que define o formato, disse. Cabe à televisão organizadora aceitar o formato pré-concebido. A EBU contribui monetariamente de acordo com o formato pré-estabelecido com a entidade que organiza o festival, neste caso a RTP. Nuno Artur Silva, quando questionado pelo PÚBLICO acerca do valor da contribuição da EBU, não especificou valores. 

Mas quanto custará a realização do festival em Portugal? As contas só serão divulgadas no final do ano, quando os detalhes e orçamentos relacionados com os conteúdos e logística já estiverem definidos detalhadamente, explicou na conferência de imprensa o administrador Gonçalo Reis. Para já, a única forma de tentar antecipar a dimensão dos custos é olhar para as edições anteriores. O gasto das últimas edições ronda, em média, os 30 milhões de euros. A edição mais cara foi em Baku, Azerbaijão, em 2012, onde os custos ultrapassaram os 56 milhões de euros. Gastos que variam de ano para ano e de país para país. Por exemplo, na edição de 2016 em Estocolmo, Suécia, o orçamento foi contido, ficando apenas por 14 milhões. Apesar de a RTP, a Câmara Municipal de Lisboa e o Turismo de Lisboa assumirem grande parte do orçamento, as receitas, que deverão ascender a "25 milhões de euros", segundo Medina, serão sobretudo sentidas ao nível do turismo. 

As televisões de serviço público que fazem parte da EBU podem apresentar a sua candidatura ao Festival Eurovisão da Canção 2018 até Setembro. A partir dessa data será divulgada a lista final dos países participantes na próxima edição da Eurovisão. A RTP vai seguir o mesmo figurino que este ano levou à escolha de Salvador Sobral, em que os compositores escolhem os intérpretes, mas as duas semifinais contarão com dez concorrentes cada, das quais sairão cinco finalistas por cada, anunciou o director de Programas da RTP, Daniel Deusdado, que sublinhou "a liberdade das canções". A votação será feita por um júri e pelo público, por televoto, disse.

 

Texto editado por Pedro Guerreiro e Isabel Coutinho

Sugerir correcção
Ler 2 comentários