Canonização de Francisco e Jacinta: perguntas e respostas
O Papa Francisco aprovou nesta quinta-feira o milagre que faltava para a canonização dos videntes Francisco e Jacinta Marto. O PÚBLICO responde a algumas perguntas sobre este processo.
Como é que o Vaticano declara um santo?
Os oficiais da Igreja examinam o candidato, as suas boas acções e virtudes. Um bispo submete o caso ao Vaticano, onde a Congregação para as Causas dos Santos o examina ao pormenor. Depois de aprovado, a congregação reencaminha o caso para o Papa que decide se o candidato levou uma vida virtuosa.
Quando começou o processo de canonização de Francisco e Jacinta?
Os processos diocesanos foram desencadeados em 1952, pelo bispo de Leiria, José Alves Correia da Silva. Esta fase diocesana, que antecede o seu envio para o Vaticano, encerrou em 1979. Dez anos depois, no dia 13 de Maio de 1989, João Paulo II decreta a heroicidade das suas virtudes e os dois pastorinhos passam a ser considerados veneráveis, o que acontece pela primeira vez na história da Igreja Católica com crianças não-mártires. Dez anos depois, João Paulo II promulga o decreto sobre o milagre da cura de Emília dos Santos, abrindo caminho à beatificação, que ocorre no ano seguinte, em Fátima.
Qual é a diferença entre beatificação e canonização?
A canonização significa o reconhecimento por parte da Igreja Católica de que a pessoa é um modelo de santidade e digna de culto público universal. No caso dos beatos, o culto é diocesano. Para que tal aconteça, é preciso que o Papa aprove um milagre atribuído ao candidato. Quando há o reconhecimento de um segundo milagre, avança-se para a canonização.
A irmã Lúcia também poderá ser canonizada?
Sim, mas deverão decorrer vários anos até que isso aconteça. A fase diocesana da candidatura chegou ao fim em Fevereiro, mas a análise pela Congregação da Causa dos Santos do dossier composto por mais de 15 mil páginas deverá arrastar-se por muito tempo. Nele estão contidas cerca de 11 mil cartas escritas por Lúcia e os testemunhos de 61 pessoas que com ela se cruzaram. O primeiro passo fora dado em 2008, apenas três anos após a morte da carmelita, numa situação excepcional dado que, segundo o direito canónico, o compasso de espera deve ser de cinco anos. O mais difícil será passar o crivo dos exames médicos que terão de certificar que a cura alcançada por intercessão do candidato a santo não tem explicação científica.