Igreja dos Pastorinhos custou 1,7 milhões, mas falta pagar um milhão
A 23 quilómetros do Santuário de Fátima, em Marrazes, vai ser inaugurado um novo templo.
A construção ficou marcada por múltiplos atrasos e algumas desditas, como um grande incêndio de origem desconhecida que em 2012 destruiu por completo o auditório, num prejuízo orçado em cerca de 400 mil euros. Por isso, apesar das esforçadas iniciativas de angariação de fundos (campanhas, festas e concertos, bem como almoços todos os meses), a maior parte do investimento (cerca de um milhão) continua por saldar, admite o pároco de Marrazes, o padre Augusto Gonçalves, que pertence à Associação Cristã de Empresários e Gestores.
A 23 quilómetros do Santuário de Fátima, este templo é o primeiro da diocese Leiria-Fátima a ser dedicado aos beatos Jacinta e Francisco (o primeiro do país fica em Alverca e custou cinco milhões de euros). Foi erguido numa zona outrora rural, a Quinta do Alçada, num terreno cedido pela autarquia e que actualmente é um espaço urbano. “Esta zona alberga a maior das sete comunidades desta freguesia que também é a maior da região, com cerca de 30 mil habitantes. É maior ainda do que a freguesia de Leiria, que tem 17 mil habitantes”, enumera o sacerdote, que está convencido de que este "autêntico centro pastoral” ajudará a sedimentar ainda mais o espírito comunitário dos habitantes de Marrazes.
"É uma igreja única, fora do vulgar, faz convergir toda a assembleia para o altar", ilustra. Além da igreja, cuja bênção da primeira pedra ocorreu em 2005 e que vem substituir uma pequena capela já não estava dedicada ao culto, o complexo integra um auditório para 270 pessoas, salas de catequese, salas de reuniões e uma casa mortuária. No futuro, o templo vai ser ainda "valorizado" com três esculturas dos pastorinhos, que estão a ser esculpidas em mármore de Estremoz pelo escultor Bruno Marques, diz.
Relativamente à quantia ainda por saldar, Augusto Gonçalves esclarece que as iniciativas para angariar fundos não pararam: “Vamos continuar com campanhas, festas e temos prevista para breve uma corrida”.
A arquitecta natural de Leiria que assina o projecto, Alexandra Cantante, herdou, por assim dizer, a obra do seu pai, também ele arquitecto. O templo estava pensado há 15 anos, mas o profissional morreu em 2001. “A obra foi começada pelo meu pai, que desenhou e concebeu a volumetria do edifício e o projecto-base”, recorda.
Alexandra Cantante procedeu depois a uma remodelação porque foi necessário adaptar a obra à legislação e tratar das acessibilidades. O que acaba por ter mesmo a sua assinatura, segundo afirma, é “o espaço litúrgico”, que é fora do comum. Com cerca de 600 metros quadrados, a assembleia desce como se fosse um anfiteatro, envolvendo o altar e não há degraus. “[O espaço] é grande, mas acolhedor”, considera.