Frente Cívica nasce para ser plataforma de participação permanente
Paulo Morais preside à comissão instaladora de uma associação cívica que quer intervir na vida pública, apresentando soluções para os problemas estruturais dos portugueses.
As parcerias público-privadas (PPP) rodoviárias que se preparem: a Frente Cívica, uma associação constituída legalmente esta terça-feira nas Caldas da Rainha, elegeu-as como o primeiro problema estrutural da sociedade portuguesa a atacar. Mas de uma forma construtiva. Durante as próximas semanas, os fundadores da recém-nascida associação cívica vão estar a produzir um documento que encontre os defeitos, os problemas das PPP, e proponha soluções para eles. Depois, vão andar pelo país a defender as suas propostas.
Será esta a metodologia com que a Frente Cívica se propõe cumprir os seus objectivos: “Intervir na vida pública e política nacional, identificando os problemas crónicos da sociedade portuguesa, denunciando os seus responsáveis e apresentando soluções para as questões”, como explicou ao PÚBLICO Paulo de Morais, presidente da comissão instaladora.
O vice-presidente da Transparência e Integridade – Associação Cívica (TIAC) e antigo candidato presidencial é um dos cinco fundadores deste movimento, juntamente com António Manuel Ribeiro, vocalista dos UHF, Mário Frota, presidente da Associação Portuguesa do Direito do Consumo, Henrique Cunha, dirigente do Reutilizar – Movimento pela reutilização dos livros escolares, e Maria Teresa Serrenho, sócia fundadora da AMAI – Associação Nacional dos Movimentos Autárquicos Independentes e antiga mandatária da candidatura presidencial de Paulo de Morais. Todos fazem parte da comissão instaladora, com mandato para o próximo ano. Depois disso serão marcadas eleições para os órgãos dirigentes da Frente Cívica, de acordo com os estatutos.
“Somos todos amigos, gente desassossegada com intervenção cívica em diferentes áreas”, explica Paulo de Morais, destacando essa como a atitude fundadora da nova associação. “A democracia não se esgota na democracia representativa que se cumpre nos actos eleitorais e nos intervalos dos quais os eleitos se comportam como donos do poder. Nem se esgota na justiça que pode defender cada pessoa em particular”, defende.
Por isso, a Frente Cívica pretende ser uma plataforma de “participação permanente”, de “escrutínio entre eleições” e de proposta de soluções. A forma de intervenção poderá ser diferente em cada caso, conforme o tema em causa e as soluções apresentadas.
Antes da formalização, a Frente Cívica organizou quatro encontros de cidadãos em que participaram centenas de pessoas – em Lisboa, Porto, Coimbra e Faro – e identificou já alguns dos temas que vão marcar a sua actividade nos próximos meses. “A corrupção é o principal problema”, diz Paulo de Morais, que além do seu papel na TIAC fez deste tema um lema da sua candidatura presidencial.
Mas no menú da associação estão já assuntos tão díspares como a falta de apoio e abandono dos idosos, a falta de prevenção e deficiência de combate aos fogos florestais, a não reutilização de manuais escolares e a falta de pontualidade dos portugueses nas reuniões. Além, é claro, das PPP rodoviárias, cujo paper está mais avançado e deverá ser o primeiro a ver a luz do dia.
A partir de Janeiro, a associação vai desdobrar-se em encontros mais pequenos para discutir problemas concretos que serão divulgados na página do Facebook e no blogue da Frente Cívica. Onde já se encontram, aliás, alguns artigos de opinião dos fundadores que apontam para os caminhos que irá seguir a associação. No último post antes da escritura notarial, Paulo de Morais escreve aquilo que espera: “A Frente Cívica será, espero, a médio e longo prazo, um instrumento da sociedade contra o medo”.