Parlamento aprova IMI adicional para imóveis de luxo mas chumba isenção para partidos

Votos favoráveis do PS e do PCP permitiram a aprovação da desresponsabilização financeira dos autarcas, ficando ao mesmo nível dos membros do Governo.

Foto
As votações do OE terminaram esta tarde, na especialidade João Henriques

As bancadas da esquerda aprovaram esta tarde, na especialidade, a proposta da tributação do IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) adicional para património imobiliário acima dos 600 mil euros. Ficam isentos os edifícios licenciados para comércio, serviços, indústria ou turismo e continua também a isenção do IMI para os partidos políticos depois do chumbo da proposta do CDS que previa o seu fim.

Na proposta aprovada (embora com o voto contra do PSD e CDS), será aplicada uma taxa de 0,7% ao conjunto dos imóveis com valor patrimonial tributável entre os 600 mil euros e um milhão de euros, e 1% acima de um milhão. Os imóveis de empresas com sede em paraísos fiscais terão uma taxa especial de 7,5% sobre o valor que exceda os 600 mil euros de valor patrimonial. A receita deste imposto fica consignada ao Fundo de Estabilização da Segurança Social, tal como estava previsto. 

Neste capítulo, a proposta do CDS para acabar com a isenção de pagamento do IMI por parte dos partidos políticos foi chumbada pelo PS e o PCP, mas contou com o voto favorável do BE já que os bloquistas também defendem este princípio. Nesta proposta, o PSD absteve-se, reflectindo a sua resistência em terminar com os benefícios fiscais aos partidos.

Na discussão da manhã, o CDS atacara o PCP por aprovar o adicional ao IMI mas manter a isenção do imposto aos imóveis dos partidos, originando uma discussão acesa. João Almeida disse que o chumbo da proposta do CDS é o preço que PS e Bloco “pagam pela solidariedade do PCP” - o “grande proprietário” recebe uma “borla” e continuará a “não pagar” imposto. João Oliveira (PCP) acusou-o de “falta de seriedade”, disse que o adicional fará o PCP “pagar mais” e que este “não é como o CDS que tem financiadores com nomes inventados”. Almeida contra-atacou com o “negócio de especulação imobiliária que o PCP tem”, disse que “na festa do Avante! não se passam se passam recibos” e que o evento é o “maior offshore” do continente.

Os votos favoráveis do PS e do PCP permitiram a aprovação da desresponsabilização financeira dos autarcas, ficando ao mesmo nível dos membros do Governo. O Bloco ainda pediu o adiamento da votação para o final da maratona de seis horas, mas acabou por votar contra, como o CDS. A proposta do PS foi viabilizada pela abstenção do PSD.

Também no dossier fiscal foi aprovada por unanimidade a proposta de alteração do PS que prevê a atribuição de benefícios fiscais em sede de IRC para as PME que se instalem em territórios do interior. E a maioria de esquerda permitiu o aumento do imposto único de circulação e do imposto sobre os combustíveis.

Foi ainda aprovada a proposta do PSD de suspensão da actualização automática das custas em resultado do aumento do IAS. O BE conseguiu que as vítimas dos crimes de mutilação genital feminina, escravidão, tráfico de pessoas, coacção sexual e violação fiquem isentas de pagamento de custas. Também não serão actualizadas as subvenções aos grupos parlamentares por proposta do PCP e com aprovação unânime.

A iniciativa do PEV permitiu que ficasse consagrado um desconto de 25% do preço do passe sub-23, no início do ano lectivo de 2017/2018. O mesmo partido reuniu consenso para uma norma que  insta o Governo a promover a eliminação de barreiras arquitectónicas de edifícios públicos.

Foi também aprovado o aumento da indemnização compensatória à agência Lusa de 13,2 para 15,8 milhões de euros (como este ano), assim como a obrigação de a Direcção-Geral do Orçamento transferir para a RTP, de forma automática, mensalmente e na totalidade, sem qualquer cativação, a verba da Contribuição para o Audiovisual cobrada pelas empresas eléctricas aos consumidores. Os trabalhos de redacção final deverão marcar como data máxima o dia 8 de cada mês.

Apesar da recusa do PSD e do CDS, foi aprovada pela esquerda a proposta do PS que prevê um reforço de 2,7 mil milhões para o limite de endividamento do Estado para fazer a parte pública do aumento de capital que irá suportar a recapitalização da Caixa. A questão é que o Governo ainda nunca disse qual a quantia de que a CGD precisa para todo o processo.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários