Trump, furioso, diz estar feliz por lhe terem "tirado as algemas" partidárias

Candidato republicano às eleições norte-americanas ameaça com guerra civil no Partido Republicano, depois de o speaker Paul Ryan ter anunciado que deixaria de fazer campanha por ele.

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Donald Trump com uma criança vestida como ele, num comício na Pensilvânia DOMINICK REUTER/AFP

Donald Trump está a lançar uma torrente de tweets a transbordar de raiva e ressentimento, depois de o líder dos republicanos no Congresso, Paul Ryan, ter anunciado que deixaria de fazer campanha por ele. “É tão agradável que me tenham tirado as algemas e agora possa lutar pela América da maneira que quero”, afirmou o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos.

Com as suas mensagens de 140 caracteres no Twitter, Trump traça o fantasma de uma guerra civil no Partido Republicano, despertada pela revelação de um vídeo de 2005 em que o candidato fala das mulheres de uma forma que, mais do que machista, foi considerada reveladora de um comportamento de predador sexual. “Republicanos desleais são muito mais desleais do que a Hillary Desonesta. Não sabem como ganhar – vou-lhes ensinar como!”, tweetou.

Chamou “muito fraco” e “ineficaz” ao speaker Paul Ryan, depois de este ter anunciado que deixaria de o defender ou fazer campanha por ele. Perto de metade 331 senadores, membros da Câmara dos Representantes e governadores que procuram a reeleição em Novembro condenaram as palavras de Trump no vídeo, em que descreve como tentou ter relações sexuais com uma mulher casada: “Sinto-me automaticamente atraído pela beleza. Começo logo a beijá-las, é como um íman. Dou-lhes logo um beijo, nem espero. Quando se é uma estrela, elas deixam-te fazer isso. Podes fazer tudo. Agarrá-las pela rata. Podes fazer tudo”.

Donald Trump está a resvalar nas sondagens, ao mesmo tempo que metade do Partido Republicano está a retirar-lhe o apoio. A sondagem Reuters/Ipsos Estado da Nação divulgada segunda-feira previa que a democrata Hillary Clinton tinha 95% de hipóteses de ganhar os 270 votos do Colégio Eleitoral necessários para se tornar Presidente – e o inquérito tinha sido realizado ainda antes do último debate presidencial, no domingo, e das notícias sobre o vídeo em que o candidato fala sobre a maneira como trata as mulheres, que surgiu na sexta-feira.

No entanto, Reince Priebus, o secretário do Comité Nacional Republicano, o órgão que coordena o partido e promove o financiamento da campanha, continua a apoiar Donald Trump, ao contrário de Paul Ryan.

A revolta republicana contra o seu candidato presidencial está a motivar o Partido Democrata, que investiu com força renovada na campanha de Hillary Clinton. O Presidente Barack Obama estará presente num comício da candidata na Carolina do Norte. Nos próximos dias, os candidatos chegam à Florida, um estado chave para a conquista da presidência. O ex-vice-presidente Al Gore estará com Clinton nos comícios na Florida, para falar sobre as alterações clímáticas.

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