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Museu Judaico de Lisboa quer ser "um espaço de memória", "pela positiva"

O novo equipamento cultural da Câmara de Lisboa deve abrir daqui a um ano, em Alfama.

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O presidente da Comunidade Israelita de Lisboa acredita que o museu vem "preencher uma lacuna que se fazia sentir há muitos anos” DR

O Museu Judaico de Lisboa, cuja abertura de portas está prevista para daqui a um ano, quer ser “um espaço de memória” e “um museu pela positiva”. A ideia, explica Ester Mucznik, é que nele se conte “a história dos quase mil anos da presença judaica em Portugal” sem esquecer as suas “sombras” mas destacando aquilo que de bom os judeus trouxeram ao país.

“Este museu será um museu pela positiva. Obviamente que não vai deixar de falar no período da Inquisição, das conversões forçadas, tudo isso, mas vai sobretudo centrar-se no contributo positivo da comunidade judaica ao país”, explicou a responsável pelo programa geral do museu.

A antiga vice-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) falava na cerimónia de assinatura dos acordos de colaboração que formalizam a constituição do Museu Judaico de Lisboa, que se realizou esta quarta-feira. Na sua intervenção, Ester Mucznik lembrou que a abertura deste equipamento é “um sonho que tem várias décadas” e frisou o “local altamente simbólico” em que ele vai ser finalmente concretizado: no Largo de São Miguel, bem perto da antiga Judiaria de Alfama.

Também o presidente da CIL destacou que o novo museu vem “preencher uma lacuna que se fazia sentir há muitos anos”. “Servirá certamente para procurar criar uma nova imagem e para desmistificar uma outra, herdada de séculos de diabolização”, disse Gabriel Steinhardt.

“Lisboa está cheia de lugares ligados à riquíssima história da presença judaica. É necessário tirá-los das brumas da história e mostrá-los aos visitantes”, acrescentou o presidente da CIL, antecipando que entre eles poderão estar “curiosos, estudiosos e centenas de milhares de judeus de todo o mundo”.

Quem também marcou presença nesta cerimónia foi o presidente da Fundação Lina e Patrick Drahi, entidade que de acordo com o Estudo Preliminar de Investimento e Encargos de Funcionamento do museu contribuiu com um valor de 1,2 milhões de euros para este projecto. No seu discurso, Patrick Drahi, dono da PT, considerou que o novo equipamento “será um milagre judeu e uma bênção portuguesa” e disse ser “uma honra imensa” para si e para a sua família poder fazer esta doação.

“Não se trata apenas de dar para tranquilizar a nossa consciência, de mobilizar a nossa memória, de regressar a casa com o sentido de satisfação e de dever cumprido. Trata-se de dar e de trabalhar para a transmissão desta história extraordinária, para a partilha do conhecimento, para a investigação histórica”, afirmou o presidente da fundação.

O contributo dessa entidade foi realçado pelo presidente da Câmara de Lisboa, que afirmou que sem ele “não seria possível ter este museu aberto daqui a um ano”. Fernando Medina notou aliás que este projecto, que resulta de “um trabalho de parceria entre muitas entidades”, só foi possível graças à “capacidade de reunir esses parceiros”.

Um deles é a Associação de Turismo de Lisboa (ATL), que vai assumir a gestão do novo equipamento cultural, que será financiado em parte com verbas da Taxa Municipal Turística.

Ao PÚBLICO, a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, explicou que a solução que está a ser estudada prevê a existência de “um órgão de decisão” que abranja a câmara, a CIL e a ATL, estando também a ser equacionada a criação de um conselho consultivo, aberto à participação da sociedade civil.  

O projecto de arquitectura do Museu Judaico de Lisboa, que além de uma área para exposições e do núcleo expositivo incluirá um centro de documentação, foi desenvolvido por Graça Bachmann, em colaboração com Luís Neuparth e Pedro Cunha. Segundo Fernando Medina, o novo equipamento representa um investimento próximo dos cinco milhões de euros.

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