Já há um clube de primeira linha do futebol europeu em mãos chinesas – o Inter de Milão inaugurou nesta segunda-feira uma nova era ao passar a ser maioritariamente detido pela Suning, um grupo chinês especializado no retalho de electrodomésticos e comércio electrónico. A aquisição de 68,55% do clube italiano terá custado cerca de 270 milhões de euros à empresa chinesa.

A operação foi oficializada em Nanjing, cidade no Este da China. “Adquirir o Inter faz parte da estratégia de crescimento do grupo Suning no futebol. Estamos a trabalhar para expandir-nos nesta área”, afirmou o proprietário do grupo chinês, Zhang Jindong, acrescentando: “Queremos devolver o Inter ao topo do futebol mundial.”

O grupo Suning adquiriu, para já, 68,55% do Inter de Milão, mas deverá passar a controlar a totalidade do capital do clube italiano em breve. Uma participação de 31% continua nas mãos do empresário indonésio Erick Thohir, que há três anos investiu no emblema nerazzurro e ocupa, actualmente, a presidência do clube. Massimo Moratti, que ocupou a presidência do Inter durante 16 anos mas deixou o lugar com a entrada de Thohir, afasta-se agora definitivamente do clube ao deixar de ter participação accionista.

O objectivo do grupo Suning ao adquirir o Inter de Milão passa por “estudar a experiência e conceitos avançados do futebol da Europa” e abrir “a porta do campeonato italiano a jogadores chineses”, podia ler-se num comunicado.

Este não é o primeiro investimento no futebol do grupo liderado por Zhang Jindong. Em Dezembro, o grupo Suning adquiriu o controlo do Jiangsu Sainty, nono classificado da Liga chinesa, a uma empresa de têxteis com o mesmo nome, tendo alterado o nome da equipa para Jiangsu Suning. No início deste ano, o clube bateu recordes de transferências ao contratar os brasileiros Alex Teixeira, por 50 milhões de euros, e Ramires, por 30 milhões.

Fundado em 1990, o grupo Suning teve um crescimento exponencial e é actualmente uma das maiores empresas da China, com 13 mil funcionários. Zhang Jindong é um dos homens mais ricos da Ásia e integra o principal órgão de consulta do Governo e do Partido Comunista da China.

Afastado dos troféus nos últimos anos, o Inter de Milão tem no seu historial 18 títulos de campeão de Itália (o último dos quais em 2009-10), para além de ter sido três vezes campeão europeu. Em 2015-16 os nerazzurri ficaram no quarto lugar da Liga italiana, a 13 pontos do terceiro posto.

O Inter de Milão é o primeiro clube de topo europeu a ser maioritariamente detido por capital chinês, embora já existam outros casos de participação minoritária. Atlético de Madrid e Manchester City são os dois casos mais emblemáticos – o grupo Wanda pagou 45 milhões por 20% dos colchoneros e os fundos de investimento China Media Capital e CITIC Capital adquiriram 13% dos citizens por aproximadamente 350 milhões.