Novo Presidente das Filipinas quer enforcar criminosos duas vezes

Rodrigo Duterte vai pedir ao Congresso a reintrodução da pena de morte: quem for condenado duas vezes, será enforcado duas vezes, "até que a cabeça fique completamente separada do resto do corpo".

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Rodrigo Duterte vai assumir a presidência no dia 30 de Junho TED ALJIBE/AFP

O Presidente eleito das Filipinas, Rodrigo Duterte, falou pela primeira vez ao país após as eleições da semana passada e confirmou aquilo que foi dizendo durante a campanha: entre as suas prioridades estão o restabelecimento da pena de morte e a licença para que a polícia atire a matar contra suspeitos que resistam "de forma violenta" ou que se ponham em fuga.

"Quem destrói a vida dos nossos filhos será destruído. Os que matam o meu país serão mortos. É simples. Sem meias medidas. Sem desculpas", disse Duterte, que ficou conhecido como o "Justiceiro" durante os 22 anos em que presidiu à câmara de Davao por combater a criminalidade com as próprias mãos e defender a criação de esquadrões da morte.

Duterte anunciou que vai pedir formalmente ao Congresso filipino que restabeleça a pena de morte por enforcamento para homicidas, traficantes de droga e violadores – um castigo que foi abolido no país em 2006. Segundo a agência AFP, o Presidente eleito disse que prefere o enforcamento ao pelotão de fuzilamento "para não gastar balas". De acordo com a proposta do futuro Presidente das Filipinas, quem for condenado por dois crimes será enforcado duas vezes, "até que a cabeça fique completamente separada do resto do corpo".

Se o Congresso aprovar as suas propostas, quem resistir à polícia "de forma violenta" ou fugir poderá ser executado no local.

As Filipinas em mãos criminosas

As propostas de Rodrigo Duterte incluem também a proibição da venda de álcool a partir das 2h da manhã e a acusação de abandono para os pais que deixem os filhos menores andar sozinhos na rua à noite.

A contagem dos votos das eleições presidenciais ainda não está concluída, mas a vantagem de Duterte é insuperável – o Presidente eleito vai tomar posse no dia 30 de Junho para um mandato de seis anos.

Durante a campanha, Duterte fez muitas outras promessas que agradaram a pelo menos 38,5% dos eleitores, quase todas assentes na ideia de que os traficantes de drogas, os elementos de grupos criminosos e os corruptos devem ser mortos – chegou a dizer que mataria mais de 100 mil pessoas e que atiraria os seus corpos à baía de Manila: "Esqueçam isso dos direitos humanos. Se eu chegar ao palácio presidencial, farei exactamente o que fiz enquanto presidente de câmara. Traficantes de droga, assaltantes e vagabundos: é melhor saírem daqui, porque vou matar-vos. Vou atirar os vossos corpos à baía de Manila e engordar os peixes."

Entre as várias frases que chocaram os seus opositores está uma piada que fez sobre a violação e homicídio de uma freira australiana, em 1989, durante um motim numa prisão na cidade de Davao, quando era presidente da câmara local.

"Eles violaram todas as mulheres. Uma delas era uma freira australiana. Quando tiraram de lá as pessoas, olhei para a cara dela e pensei: 'Filha da puta, que pena.' Eles violaram-na. Fiquei furioso por ela ter sido violada, mas era tão bonita. Pensei que o presidente da câmara deveria ter sido o primeiro [a violar a freira]." Perante as críticas, e sempre fiel ao seu estilo, Duterte começou por dizer que era apenas "conversa de homens", depois pediu desculpa num comunicado e acabou por dizer que não tinha lido bem o comunicado e que mantinha as declarações iniciais.

Mas uma das maiores provas da popularidade de Duterte, principalmente entre a população mais pobre das Filipinas, foi uma outra piada, desta vez sobre o Papa – num país onde mais de 80% da população diz professar o catolicismo: "Estávamos há cinco horas no trânsito. Perguntei o que se passava e disseram-me que estava tudo fechado. Perguntei quem estava a chegar e disseram-me que era o Papa. Apeteceu-me ligar-lhe e dizer-lhe 'Papa, seu filho da puta, volta para casa, não voltes cá.'"

Na semana passada, Duterte disse que iria ao Vaticano pedir desculpas ao Papa, mas nas últimas horas recuou e disse que enviou uma carta.

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