Otimismo moderado

É com algum otimismo que podemos ler os números recentes do Inquérito ao Emprego. Privilegiando a comparação homóloga, uma vez que o primeiro trimestre tende a ser aquele mais afetado por circunstâncias sazonais, destaco pela positiva a subida do emprego (mais 36,2 mil), apesar de ainda se manter abaixo do nível registado no primeiro trimestre de 2012, e a descida acentuada do número de desempregados de longa duração (-80,8 mil).

Este aumento do emprego é acompanhado por uma melhoria da sua qualidade: melhores contratos, com uma subida da contratação a termo e sem termo, por contrapartida de uma diminuição do número de trabalhadores por conta própria não empregadores, onde se contam os famosos “falsos recibos – verdes”; e melhores qualificações, com o aumento do emprego dos trabalhadores com habilitações superiores, acima do crescimento do emprego total.

A moderação do otimismo dos números acima referidos advém do facto de se manter a tendência de descida da população total, com especial incidência nas faixas etária dos 25 aos 44. Se conjugarmos este facto com a subida da população com ensino secundário ou superior, poderemos concluir que à emigração recente não está associada à muito debatida “fuga de cérebros”, mas sim está a fazer-se sentir com mais intensidade no grupo dos jovens ativos com formação ao nível do ensino básico, os quais representam cerca de um terço do emprego.

Como a proporção do emprego intensivo em conhecimento deverá ser ainda maior no futuro, as políticas de emprego deverão ter em conta este facto de natureza estrutural, o que implica repensar todo o sistema de requalificação e de formação profissional de jovens adultos com baixas qualificações.

Economista e professor na Universidade do Minho

 

O autor escreve ao abrigo das normas do Acordo Ortográfico

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