Pai acusado de matar bebé à facada em Oeiras diz não se recordar do crime

Homem de 34 anos terá morto a criança depois de a ex-companheira ter dito que queria pôr fim à relação.

O homem acusado de esfaquear mortalmente o filho de seis meses em Abril de 2015, em Oeiras, disse nesta segunda-feira em tribunal não se recordar de ter sido o autor do crime.

O homem, de 34 anos, está a ser julgado em Cascais por um tribunal de júri, requerido pela defesa, composto por quatro cidadãos previamente seleccionados e outros quatro suplentes.

A acusação do Ministério Público (MP) sustenta que o arguido matou o filho, a 8 de Abril de 2015, em retaliação contra a sua ex-companheira, mãe do bebé, a qual lhe teria dito que queria pôr fim à relação entre ambos, após descobrir que o suspeito mantinha o consumo de álcool.

Questionado pela juíza se foi ou não o autor do crime, o arguido disse que não se recorda, mas que não pode ter sido ele.

"Não consigo dizer se pratiquei [o crime], porque não me lembro. Se eu matei o meu filho, então eu sou um monstro, mas eu nunca faria mal a um filho meu. Mais depressa faria a mim do que a ele", sustentou.

O arguido disse ainda não se lembrar de muitos episódios que constam na acusação, incluindo as videochamadas à ex-companheira com ameaças de morte ao filho bebé e a sua detenção pela polícia.

Também na sessão de hoje foi ouvida a psicóloga que avaliou o arguido na prisão. A especialista referiu que o homem sofre de "perturbação psicótica". De acordo com a responsável, a tragédia terá acontecido durante uma "psicose reactiva" do arguido, que pode justificar o acto e perda de memória.

"À data dos factos, era um indivíduo doente psicologicamente e ainda é. Constatei cientificamente que ele não se lembra do que fez", afirmou a psicóloga, sublinhando ainda que "qualquer indivíduo com o estado psíquico semelhante ao dele não tem consciência daquilo que faz".

Para hoje estavam ainda previstas as alegações finais, mas acabaram por ser adiadas para o dia 11 de Abril, às 15h.

O arguido está em prisão preventiva ao abrigo deste processo no Estabelecimento Prisional de Lisboa, acusado de homicídio qualificado. O homem responde ainda neste processo por explosão e incêndio, profanação de cadáver e homicídio, todos estes crimes na forma tentada, além de um crime de tráfico de droga.