GEOTA tem “demasiadas dúvidas” sobre projecto da Câmara de Lisboa para 2.ª Circular
Para o GEOTA, “a abordagem ao tema da mobilidade deverá ser global e não parcelar, como aquela que está a ser proposta neste caso”.
O Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) defendeu nesta terça-feira que o projecto da Câmara de Lisboa para a Segunda Circular não deve avançar por provocar “demasiadas dúvidas” em questões urbanísticas e de mobilidade.
Em comunicado, a associação ambientalista “considera que há demasiadas dúvidas para se avançar com um projecto que representa um custo superior a 1% do orçamento anual da Câmara Municipal de Lisboa”, que era de 757,7 milhões de euros aquando a sua aprovação.
Para o GEOTA, “a abordagem ao tema da mobilidade deverá ser global e não parcelar, como aquela que está a ser proposta neste caso”.
“Apesar de o projecto cumprir alguns dos objectivos previstos no Plano Diretor Municipal (PDM) de Lisboa, tem também consequências contrárias ou desalinhadas com outros objectivos do PDM, tais como a promoção do transporte colectivo”, frisa o grupo, referindo que falta “um enquadramento de conjunto e uma análise de prioridades”.
Neste documento urbanístico, recorda o GEOTA, é estipulada a intenção de melhorar a mobilidade na cidade, o que passa por uma aposta no transporte público colectivo.
Porém, o grupo afirma ter “dúvidas sobre o alcance destes objectivos com o projecto proposto para a Segunda Circular”.
“O que questionamos é o alcance dos objectivos […], por via de uma intervenção à escala municipal sobre problemas de escala metropolitana - como é o caso da mobilidade -,e se este é um projeto prioritário na apertada gestão financeira que a Câmara tem de fazer para a cidade de Lisboa”, refere a associação.
Acresce que, de acordo com estes especialistas em ambiente, “estão por responder questões, como as opções possíveis para atingir os objectivos propostos, a justificação para a escolha daquela opção em detrimento de outras e da respectiva análise custo-benefício ou custo-eficácia”.
“Por isso, o projecto não deverá avançar”, aconselham.
Ainda assim, o GEOTA sublinha ser favorável à aplicação de “medidas de restrição ao transporte individual, em especial no interior da cidade”.
Contudo, estas devem ser “completadas com medidas que garantam a mobilidade das pessoas, onde o transporte colectivo deve ser claramente a prioridade”, conclui-se.
Tendo o intuito de melhorar a fluidez do tráfego e conferir mais segurança à Segunda Circular, a maioria PS na Câmara de Lisboa propôs-se a requalificar a via, o que passa por diminuir em 10% o tráfego de atravessamento, através da reformulação de alguns acessos e dos nós de acesso, e por reduzir a velocidade de 80 para 60 quilómetros/hora.
O município quer também criar um separador central maior e arborizado, reduzir a largura da via da direita, montar barreiras acústicas (reduzindo o ruído em 50%), reabilitar a drenagem e do piso e renovar a sinalética e a iluminação pública (permitindo uma quebra de 60% no consumo).