Os cerca de 450 trabalhadores do Banif que transitaram para a Oitante (o veículo criado pelo Estado) vão eleger no próximo dia 11 de Fevereiro uma comissão de trabalhadores para os representarem quer junto da gestão, quer nas negociações que vão decorrer entre o Estado e o Santander.

A constituição da comissão instaladora e eleitoral de trabalhadores da Oitante, e a criação de listas, foi conduzida por Luís Duarte, responsável do gabinete de controlo interno e do risco operacional do Banif; por Pedro Madeira, director comercial e que estava no Banif Legacy (a unidade de desinvestimento); Carlos Coelho, advogado do banco no departamento de prevenção do branqueamento de capital; Jorge Almeida, do gabinete do crédito a empresas; e Marco Gomes, técnico de organização. Os  cinco candidatam-se à eleição da comissão de trabalhadores. 

O PÚBLICO apurou que o Santander teve reuniões com ex-directores do Banif, agora na Oitante, que pertence ao Fundo de Resolução, no quadro da prestação serviços ao grupo espanhol que comprou a parte boa do Banif (com apoio de quase 2000 milhões de euros dos contribuintes portugueses). Mas desconhece-se ainda se a iniciativa já deu lugar a um contrato de prestação de serviços, situação que a comissão de instalação da CT quer ver esclarecida.  

Outra preocupação da comissão de instalação da CT é garantir a viabilidade dos 450 postos de trabalho que consideram estar em perigo. O objecto social do veículo é efectuar a venda dos activos imobiliários e de crédito vencido do ex-Banif. Estão em causa cerca de 2500 milhões, valor que não inclui ainda o corte dos 75% que foi aplicado. À medida que a venda dos activos for concluída, haverá desaparecimento gradual dos postos de trabalho.

Para legitimar a sua acção, os cinco ex-quadros do Banif reuniram-se a 20 de Janeiro com os três administradores da Oitante, a quem foi entregue um abaixo-assinado a solicitar, entre outros pontos, condições para a comissão instaladora poder funcionar e preparar a eleição da CT. Todos os pedidos foram aceites. A comissão instalou-se  no 6º piso da antiga sede do Banif, na Avenida José Malhoa. O acto eleitoral decorrerá em locais próprios no Porto e em Lisboa.

A entidade patronal dos 450 trabalhadores que não transitaram para o Santander (o banco espanhol recebeu 1100 funcionários do ex-Banif) é presidida por Miguel Barbosa, o administrador que representava o Estado na gestão de Jorge Tomé. Para a vice-presidência foi indicado Paulo Boavida (ex-banco de investimento do Banif), e para vogal Sérgio Baptista, ex-director de recursos humanos. A administração da Oitante funciona no 9º piso da antiga sede do banco na Avenida José Malhoa.