Novo Banco pode vender activos e terá de fazer plano estratégico
Nova tentativa para vender o Novo Banco avança no final deste ano ou no início de 2016. E poderá passar pela alienação de menos do que 100% do capital.
A razão para cancelar o actual processo de venda foi o baixo preço oferecido pela Anbang, Fosun e Apollo para a compra de 100% do Novo Banco, uma instituição que resultou do desmantelamento do antigo Banco Espírito Santo.
Fonte próxima do processo garante que a operação de alienação deverá ser retomada “no final do ano ou no início de 2016”, quando estiverem ultrapassadas algumas das incertezas que ainda pairam sobre o futuro do Novo Banco e que terão dificultado o processo de venda que se iniciou a 4 de Dezembro de 2014 e terminou ontem. O Banco de Portugal nem chegou a entrar na fase de negociações exclusivas com o terceiro candidato, a Apollo, já que rapidamente se percebeu que não iria haver uma melhoria substancial da oferta.
Até que se desencadeie um novo processo de alienação do banco, o perímetro dos activos do Novo Banco que estavam à venda volta a ser descongelado e a equipa de Eduardo Stock da Cunha terá agora mais liberdade para gerir o banco.
O PÚBLICO sabe que o Banco de Portugal pediu à administração de Stock da Cunha para apresentar um plano estratégico, que servirá para valorizar o banco num posterior processo de venda, e terá ainda a liberdade de poder alienar activos se tal for necessário para melhorar os rácios de capital do Novo Banco.
Londres, França ou eventualmente parte da carteira de imobiliário poderão ser activos a alienar, sendo que essa avaliação terá de ser feita por Stock da Cunha. Um processo de venda de activos torna o banco mais pequeno, mas poderá ajudar a melhorar os rácios de capital que vão ser avaliados nos testes de resistência que o Banco Central Europeu fará à banca europeia.
Depois dos stress tests, que deverão acontecer em Novembro, e da eventual acalmia da situação dos mercados (nomeadamente nos asiáticos), o Banco de Portugal acredita que muita da incerteza que até agora tem penalizado o valor do Novo Banco poderá desvanecer, aumentando assim o encaixe da venda para o Fundo de Resolução.
No novo processo de venda, fonte próxima do processo garante que a opção poderá passar pela não alienação da totalidade do capital a um único candidato. O modelo ainda não está fechado, mas poderá passar pela entrada de mais do que um accionista no Novo Banco ou até pela dispersão de parte do capital em bolsa. A única garantia que quer ter o Banco de Portugal é que a nova instituição tenha um accionista que “seja estável”.
Numa tentativa posterior de vender o Novo Banco, o Banco de Portugal acredita que as 15 instituições que inicialmente levantaram o caderno de encargos, poderão voltar a manifestar o interesse em olhar para o dossier.
O Banco de Portugal também admite que o prazo de dois anos que a lei da resolução prevê para a venda do Novo Banco possa ser dilatado, para evitar que a falta de tempo seja um factor de pressão sobre o valor de venda do Novo Banco.