Sarkozy quer que o seu partido se chame Os Republicanos

Remete para o partido da direita americana dizem uns; apropria-se da República, dizem outros. As reacções não têm sido boas.

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Sarkozy pretende arrumar a casa ideologicamente KENZO TRIBOUILLARD/AFP

A União para Um Movimento Popular, que é o que hoje quer dizer a sigla UMP, é uma segunda versão do nome original, União para a Maioria Presidencial, criada em 2002 por Jacques Chirac, quando o então líder da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, se qualificou para a segunda volta das presidenciais, afastando o socialista Lionel Jospin. Juntou à RPR (Reunião pela República), de inspiração gaullista, outras formações mais pequenas de sensibilidade democrata-cristã, a União para a Democracia Francesa e Direita Liberal.

Agora, Nicolas Sarkozy espera não só afastar o embaraço de um nome de segunda escolha como arrumar a casa ideologicamente. “Já é tempo de defendermos os valores da República, em vez de os destruirmos”, afirmou. E enumerou os que escolheu: “Trabalho, responsabilidade, autoridade, mérito, esforço, secularismo, progresso e, claro, liberdade.”

Mudando de nome, espera também virar a página sobre dois anos de profundas divisões internas, que quase destruíram o partido, e fazer esquecer a sigla associada a vários processos judiciais por financiamento eleitoral – em especial da sua última campanha para as eleições presidenciais.

Mas o nome escolhido suscita resistências. A República é um conceito muito valorizado em França, e esta palavra está muitas vezes presente no discurso político à esquerda e à direita – por isso há quem acuse Sarkozy de se estar a apropriar indevidamente dela. O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Jean-Marie Le Guen, fala de “um abuso de poder”.

Outros consideram, pelo contrário, que Sarkozy está a colar-se à direita americana, usado o nome do Partido Republicano. “Sarkozy está assim tão fascinado com Bush que escolheu este nome?”, observou o líder do Partido Socialista, Jean-Christophe Cambadélis.

 

 

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