Em Milfontes os caçadores gostam de Hongo

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A caça tem vindo a tornar-se uma actividade cada vez mais para elites Enric Vives-Rubio

Em todos os aspectos, o episódio foi surpreendente. Não se esperava ver aquele animal naquela zona, tão longe de onde tinha sido libertado na natureza. E há mais de duas décadas que não se tinha uma confirmação visual de um lince ibérico no país.

Desde então, o lince tem sido fotografado e filmado na região. A última imagem foi captada dia 29 de Agosto. Mas os caçadores estão convencidos de que o animal continua por lá.

“Para nós é positivo. É um predador como nós, caçadores”, diz António Inácio, o presidente do Clube de Tiro e Caça de Vila Nova de Milfontes. O lince, ao contrário do que se poderia supor, estará a ter um efeito positivo sobre a população de coelhos. “Os predadores abatem os mais fracos e incapazes. Se sobreviverem os mais fortes, então estão a ajudar a preservar as espécies”, explica António Inácio.

Entre as organizações nacionais de caçadores, tem havido alguma divisão quanto à reintrodução do lince. A Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade, que representa os proprietários de zonas de caça, juntou-se logo ao pacto pelo lince ibérico lançado este ano pelo Ministério do Ambiente e que envolve inúmeras organizações. A Confederação Nacional dos Caçadores Portugueses fê-lo mais tarde, mas a Federação Portuguesa de Caça até agora não aderiu.

Em Milfontes, tem havido uma convivência pacífica. António Inácio relata que na zona de caça associativa sob responsabilidade do Clube de Tiro a gestão tem sido normal, respeitando os limites de animais a abater, fazendo sementeiras para melhorar o habitat do coelho e realizando outras medidas. “A gestão principal é não fazer asneiras”, afirma.

Até agora, Hongo parece estar grato. “Temos muito gosto em ter cá o lince”, conclui António Inácio. “É um caçador como nós. Só não paga é quotas”.

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