Os últimos cartuchos dos independentistas

Seja qual for o resultado do referendo de dia 18 na Escócia, a Catalunha insistirá em ter o seu.

O problema do governo de Madrid foi negá-lo, desde o princípio, quando até em Inglaterra David Cameron foi favorável a uma consulta popular na Escócia (talvez demasiado confiante na vitória do “não” à independência). E é por isso que agora a pressão das ruas é sobretudo centrada na possibilidade de escolha. Isso não significa que o desejo independentista não esteja a recolher mais adeptos na Catalunha, mas é pelo referendo que se batem no imediato. E a luta corre o risco de radicalizar-se, ganhe ou não a Escócia o direito à independência. 

Se o voto dos escoceses no dia 18 for maioritariamente pelo “sim” (agora em queda nas sondagens, com 47%) a Catalunha rejubilará e a pressão para que o referendo se realize será enorme, havendo já quem sugira que ele se faça à revelia de Madrid e à margem das leis de Espanha. Se na Escócia ganhar o “não” (agora em alta, com 53%), isso arrefecerá os ânimos independentistas mas não calará os que exigem o referendo: seja qual for o resultado, os catalães quererão também tentar a sua “sorte”.

Nas ruas, na quinta-feira, além da esquerda (em parte republicana) que se juntou à manifestação pró-referendo, uma direita extremista esteve na (muito menor) manifestação contra a independência. Nuns, símbolos guevaristas, noutros suásticas e símbolos das SS nazis. Não representam, nem uns nem outros, os adeptos ou adversários da independência catalã. Mas são franjas de uma radicalização que pode, indesejavelmente, resvalar para o ódio. É preciso estar atento.

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