Portas reconhece ser pertinente perguntar como o BES passou despercebido à troika
O vice-primeiro-ministro, que foi ouvido esta terça-feira no Parlamento com Maria Luís Albuquerque, remeteu a dúvida para a comissão de inquérito que será votada dia 19.
Paulo Portas respondia a uma pergunta da deputada bloquista Mariana Mortágua, durante uma audição parlamentar na comissão de acompanhamento do programa de ajuda externa.
“Como é que a troika não deu pelo BES?”, questionou a deputada bloquista. “Percebo a sua pergunta. Esse assunto terá lugar próprio no Parlamento”, disse Paulo Portas, referindo-se à proposta de comissão de inquérito ao caso BES avançada pelo PCP. A questão foi também dirigida a Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, que, porém, optou por não fazer qualquer comentário.
A perplexidade do CDS sobre o facto de a troika não ter detectado qualquer irregularidade no BES já tinha sido manifestada no início de Agosto pela voz do líder parlamentar. Nuno Magalhães, na SIC Notícias, lembrou que “Portugal e o BCP foram objecto de auditorias internas e externas e de testes de stress”.
No objecto da proposta comunista para a comissão de inquérito ao caso BES não constam referências à averiguação da actuação da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional em relação ao banco que veio a ser dividido em dois, mas a bancada parlamentar do PS já declarou pretender incluir as três instituições internacionais no foco da comissão de inquérito.
A maioria PSD/CDS deverá propor alterações ao texto do PCP que é debatido e votado no próximo dia 19, mas a declaração de Paulo Portas significa que os centristas podem estar disponíveis para aceitar que essa questão seja incluída no objecto do inquérito parlamentar.
A maioria PSD/CDS deverá propor alterações ao texto do PCP que é debatido e votado no próximo dia 19, mas a declaração de Paulo Portas significa que os centristas podem estar disponíveis para aceitar que essa questão seja incluída no objecto do inquérito parlamentar.
Na próxima semana, a maioria parlamentar deverá apresentar propostas de alteração ao texto da bancada comunista. Uma das dúvidas é a intenção do PCP em averiguar actos de gestão de um banco que era privado. A questão está a ser tratada com pinças já que as bancadas da maioria também não querem passar a imagem de que querem esconder alguma coisa ou de que estão a proteger alguém.
A proposta comunista pretende averiguar a eventual utilização de dinheiros públicos na solução encontrada para o BES e quer passar a pente fino a intervenção dos governos e da supervisão desde 2008. A omissão da actuação da troika na proposta foi uma escolha assumida pela bancada do PCP com a justificação de que devem ser as entidades nacionais a responder pelos seus actos.