Passos Coelho diz em Atenas que saída da troika faz toda a diferença

Primeiro-ministro realça que Portugal não atingiu o paraíso e que tem um longo caminho pela frente.

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Nuno Ferreira Santos

Numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo grego, Antonis Samaras, após uma reunião de trabalho destinada sobretudo a partilhar a experiência portuguesa do pós-troika, Passos Coelho, questionado pela imprensa grega, sublinhou a necessidade de cumprir as metas traçadas e concluir com êxito o programa de ajustamento, afirmando que os efeitos não se fazem sentir de imediato, mas garantindo que o regresso da autonomia “faz toda a diferença”.

“Não atingimos o paraíso (…) sabemos que temos um longo caminho pela frente, mas agora podemos percorrê-lo pelos nossos próprios pés, decidindo nós mesmo o que é melhor, e isso faz toda a diferença, como podem imaginar”, afirmou.

Numa longa conferência de imprensa durante a qual falou sempre em inglês, por falta de interpretação para português, o primeiro-ministro sustentou que começam a ser visíveis os primeiros sinais claros de que “os sacrifícios faziam sentido”, apontando em concreto o crescimento económico e o recuo da taxa de desemprego, embora ainda não ao ritmo desejável.

Defendendo em diversas ocasiões que é fundamental cumprir o memorando de entendimento firmado com os parceiros internacionais – e não para satisfazer a troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), mas para bem do país -, Passos Coelho frisou que a conclusão do programa não pode significar um abrandamento das reformas que têm que ser feitas, e exemplificou com a determinação do seu Governo em cumprir as metas de défice de 4% para este ano e 2,5% para 2015.

Numa conferência de imprensa com vários elogios de parte a parte, Passos Coelho, fazendo questão de deixar “uma palavra de solidariedade” ao povo grego, pois sabe, “também por experiência própria”, os grandes custos sociais que as reformas acarretam, disse que a Grécia, que tinha “um ponto de partida muito difícil”, já fez muito e tem agora “uma base forte para um futuro sustentável”, afirmando-se convicto de que, tal como Irlanda e Portugal, também a Grécia concluirá com êxito o seu programa.

Sobre a forma de saída, disse que tudo depende do contexto na altura da conclusão do programa, recordando que, em Portugal, a cerca de seis meses do final do memorando, a maioria dos analistas considerava que o país necessitaria de um segundo programa ou de um apoio cautelar, tendo Portugal acabado por regressar aos mercados sem qualquer ajuda suplementar.

Samaras, por seu turno, garantiu que o seu grande objectivo “assegurar que, em breve, a Grécia estará em condições de fazer exatamente o mesmo que Irlanda e Portugal fizeram”, ou seja, concluir o seu programa, com uma história de sucesso ao nível orçamental e de reformas, seguir em frente, regressar aos mercados, e estar de novo por sua conta”.

“Queremos igualar Irlanda e Portugal”, disse.

Além da reunião com Samaras, Passos Coelho também se encontrou de manhã com o presidente da Grécia, Karolos Papoulias, durante esta curta visita a Atenas, realizada a convite do primeiro-ministro grego.