Passos Coelho diz que reembolso antecipado ao FMI é "bom princípio" também para Portugal
Situação não é igual à da Irlanda em termos de juros a pagar ao FMI.
"Relativamente à proposta irlandesa de pagar antecipadamente empréstimos do FMI, vamos apoiá-la. Porquê ? Porque é uma proposta racional", disse Passos Coelho, acrescentando que, num futuro próximo, Portugal poderá ter a mesma pretensão.
O primeiro-ministro, que falava numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, por ocasião da sua deslocação a Atenas, apontou que os casos de Irlanda e Portugal são algo distintos, já que a diferença entre as taxas de juro dos empréstimos que a Irlanda tem que pagar ao FMI e aquelas a que consegue actualmente financiar-se nos mercados é maior do que acontece com Portugal.
"A Irlanda começou o seu programa mais de seis meses antes de Portugal, e tinham taxas de juro mais altas que Portugal nos empréstimos do FMI", que chegaram a atingir entre os 4,5 e os 5%, enquanto actualmente a taxa de juro paga por Dublin junto dos mercados, para empréstimos com maturidade a 10 anos, ronda os 2,2%, bem mais vantajosa, razão pela qual faz sentido pagar antecipadamente os empréstimos negociados com o Fundo Monetário Internacional.
"Claro que este é um bom princípio também para nós. Não temos a mesma diferença entre os (juros pagos nos) mercados financeiros e as condições acordadas com o FMI, essa divergência não é tao grande como no caso da Irlanda. Mas espero que, nos próximos meses, Portugal possa ter melhores perspectivas nas maturidades a dez anos", e, nesse caso, já seria também vantajoso para Portugal mudar as condições de reembolso dos empréstimos em causa.
Passos Coelho salientou que "não está ainda decidido" se é importante para Portugal "fazer o mesmo, ao mesmo tempo" que a Irlanda, mas assegurou que o país quererá estar em condições de "fazer o mesmo quando a vantagem for também a mesma".
Fonte do Eurogrupo indicou na segunda-feira, em Bruxelas, que Portugal ainda não sinalizou a vontade em seguir a Irlanda , mas admitiu que uma decisão favorável num caso abre precedente para outros países.
A reunião do Eurogrupo da próxima sexta-feira, em Milão (Itália), vai debater a possível antecipação por parte da Irlanda do pagamento do empréstimo concedido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no âmbito do programa de assistência externa. Caso Bruxelas venha a dar “luz verde” a essa possibilidade para a Irlanda, tal abrirá um precedente para que outros países façam o mesmo, admitiu fonte oficial do Eurogrupo aos jornalistas.
No passado sábado, também a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, já afirmara que Portugal tem "interesse em apoiar os irlandeses em que essa possibilidade exista".
"Também não significa que quiséssemos reembolsar logo os 25 mil milhões, poderíamos começar pelas primeiras tranches que eram mais caras em função do nosso acesso ao mercado, é uma opção que tem valor e estaremos claramente do lado dos irlandeses a apoiar essa iniciativa na Europa", afirmou Maria Luís Albuquerque em Castelo de Vide.
Hoje, a ministra voltou a afirmar que "Portugal tem todo o interesse em avaliar as condições perante as quais terá também vantagem de fazer reembolso antecipado" ao FMI". A ministra respondia a uma questão colocada por uma deputada do CDS-PP na comissão parlamentar de acompanhamento das medidas do programa de assistência externa, sobre o possibilidade de a Irlanda antecipar o pagamento do empréstimo concedido pelo FMI no âmbito do programa de assistência ao país.
"O pedido é bom para a Irlanda, para a Europa e é uma opção boa para que nós próprios também possamos fazer um reembolso antecipado dos empréstimos do FMI", afirmou a ministra. No entanto, a ministra explicou que "a situação não é a mesma" e que há "um ganho diferencial maior" para a Irlanda.