Quando o terror tem sotaque e passaporte

O Reino Unido elevou esta sexta-feira o nível de alerta terrorista de “substancial” para “grave”.

A ministra do Interior britânica, Theresa May, explicou esta sexta-feira que ainda não existem evidências de um ataque iminente em território britânico, mas chamou a atenção para “o aumento das ameaças relacionadas com os desenvolvimentos na Síria e no Iraque, onde grupos de terroristas estão a planear ataques contra o Ocidente”.
Este nível de alertas (o “grave” é o segundo nível mais elevado a seguir ao “crítico”) foi adoptado pela primeira vez em Agosto de 2006, um ano depois dos ataques de 7 de Julho, quando quatro jovens britânicos de origem paquistanesa fizeram um ataque terrorista que provocou 52 mortos nos transportes urbanos londrinos.

Quase uma década depois, a preocupação em Downing Street são novamente jovens terroristas com passaporte britânico, mas que agora estão a colaborar com o regime do Estado Islâmico. Os serviços de informação estimam em 500 os britânicos que viajaram para a Síria e para o Iraque para se juntar à organização extremista, e esta quarta-feira o chefe da polícia de Londres disse que 250 já terão regressado. O jihadista com sotaque britânico que executou James Foley será apenas mais um dos que têm passaporte e que ainda não terão regressado.

E é esse regresso de britânicos e ocidentais já com treino militar que assusta David Cameron. O primeiro-ministro britânico prometeu nova legislação que facilite a apreensão de passaportes suspeitos. Tal como Barack Obama, que confessou ainda não ter uma estratégia para o Iraque, Cameron também parece não a ter. Mas a solução mais óbvia e eficaz não será pela via legal com certeza. O Estado Islâmico, que já se percebeu não hesita em matar inocentes, terá de ser derrotado pela força, de preferência com uma solução que envolva a comunidade internacional e não só os EUA.
 

  



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