As contas do aborto
Considera-se ainda que a lei é boa, porque com ela o aborto deixa de ser um direito da mulher. A lei faz a Espanha recuar três décadas. Mas estas justificações tornam-a ainda mais brutal ou mesmo bárbara.
Para o Governo Rajoy, tirar direitos é bom, se isso for bom para a economia. E não importa se as crianças são desejadas ou se as famílias estão em condições de as acolher: planeamento familiar passou a significar ter mais bebés de qualquer maneira.
O novo conservadorismo espanhol resume-se nisto: menos direitos, mais preconceitos e vantagens para a economia. Além de retrógrada, esta lei é um exercício pouco refinado de estupidez e de hipocrisia. E o mais chocante é que, com a lei anterior, os abortos estavam a diminuir em Espanha.