Vamos discutir eurobonds para a Defesa?

Cinco países da UE e Reino Unido concertam posições, enquanto secretário-geral da NATO já pede a cidadãos europeus que “aceitem fazer sacrifícios”, como cortes nas suas pensões ou na saúde.

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A guerra na Ucrânia, que dura há dois anos, e o regresso de Donald Trump à Casa Branca, oficializado dia 20 de Janeiro, convoca os países europeus a encarar a segurança e defesa dos seus territórios e dos seus interesses no mundo com uma urgência inédita nas últimas décadas.

Desde 2014, que os membros da NATO estavam comprometidos com o aumento de gastos em defesa em 2% do PIB, meta que ainda não é cumprida por uma fatia dos países, entre os quais, Portugal, Espanha, Itália ou Canadá. Recentemente, tanto o Governo de Luís Montenegro como o de Pedro Sánchez decidiram acelerar o esforço de investimento em defesa, dando-lhe uma nova data: 2029.

Donald Trump, por sua vez, ameaça desinvestir na NATO, pressionando os países europeus a contribuírem com mais dinheiro, num gesto que contou já com a ajuda extremada do secretário-geral da NATO, o neerlandês Mark Rutte, com quem esteve reunido no final de Novembro, na Florida.

O Presidente eleito pediu que todos os Estados aumentem a contribuição para 3%, sendo que na última sexta-feira o Financial Times noticiava que iria exigir afinal 5%. Mark Rutte, ainda antes da participação de Trump em reuniões da NATO como Presidente dos EUA, já declarou imprescindível o aumento de despesas para 3% e começou a fazer uma autêntica campanha na opinião pública para isso, instando os cidadãos europeus a “aceitarem fazer sacrifícios”, como cortes nas suas pensões ou na saúde.

O sentido de urgência na Europa, porém, varia consoante a proximidade com a Rússia. Desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022, seis países europeus da NATO aumentaram os seus gastos com defesa em mais de 10%, com destaque para Suécia, Polónia, Letónia e Lituânia. Segundo dados da Agência Europeia de Defesa, nesse ano, as despesas militares dos países da União Europeia registaram um aumento recorde, mais 6%, o que significou mais 240 mil milhões de euros.

Numa altura em que a própria França e a Alemanha enfrentam uma crise económica, já está em marcha a tentativa de criação de eurobonds como forma de financiar novo acréscimo de despesa. Em Novembro, cinco dos maiores países da União Europeia — Alemanha, França, Polónia, Itália, Espanha — juntamente com o Reino Unido defenderam uma proposta sobre obrigações conjuntas de defesa, após uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros daquelas nações, em Varsóvia.

Esta não será, contudo, uma discussão fácil dentro da Europa, mas será seguramente uma das discussões a ter em 2025.

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