Jerónimo diz que Governo tem “ódio de estimação” à Constituição
Numa intervenção na Quinta da Atalaia, onde se ultimam os preparativos para a Festa do Avante que se realiza no próximo fim-de-semana, o líder do PCP teceu várias críticas, sentimento partilhado pelas várias dezenas que o ouviam sob um forte calor e que ensaiaram diversas vaias e apupos ao Governo, à troika e aos partidos da coligação.
“Eles estão dispostos a continuar a sua obra destrutiva. Um Governo isolado, um Governo derrotado, um Governo que já é passado mas que enquanto lá estiver vai procurar fazer o pior possível, vai procurar destruir o máximo com a consciência que é mais fácil destruir que construir, e é por isso que nós valorizamos muito esta decisão recente do Tribunal Constitucional em relação a ter considerado inconstitucional a ameaça de despedimento sem justa causa na Administração Pública”, afirmou.
Entre cânticos de apoio ao PCP e à CDU, como “assim se vê a força do PC”, ou palavras de ordem como “a luta continua” ou “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”, Jerónimo de Sousa prosseguiu acusando o Governo de ódio à Constituição da República Portuguesa e ao que a mesma consagra.
“E aí estão eles. Governo, PSD e CDS a proclamarem da necessidade de rever, de destruir a Constituição da República Portuguesa. Eles não têm apenas um ódio de estimação à Constituição, têm ódio àquilo que ela consagra, àquilo que ela garante. Têm ódio ao direito à saúde como um direito universal. Têm ódio à educação para todos. Têm ódio à protecção na doença, na velhice, na infância, que está escrito na Constituição. Têm ódio a não poderem destruir os postos de trabalho sem justa causa. Eles têm esta consciência, não é o ódio à Constituição, é o ódio aos valores de Abril, aos direitos de quem trabalha, à justiça social, ao progresso e à própria democracia, que a Constituição consagra”, disse.
O líder do PCP, numa altura em que já decorre um período de pré-campanha para as autárquicas de 29 de Setembro, deixou um aviso aos eleitores, dizendo que estes se preparam para ir votar sem estar “informados do que aí vem, daquilo que o Governo tenta realizar em conluio com a troika”, antecipando mais medidas e cortes, em especial para o Orçamento do Estado para 2014 que tem de ser conhecido duas semanas após os portugueses irem a votos.
Jerónimo de Sousa agradeceu ainda aos trabalhadores e voluntários que estão a ajudar na preparação de mais uma edição da Festa do Avante, e instou os “camaradas” a ver a realização do evento, em especial o comício, como um “momento de confiança, de afirmação, de esperança de que com a luta do povo” é possível travar o que chamam de uma “ofensiva” e não só derrotar o Governo mas “demiti-lo para bem do povo português, dos trabalhadores”.
No final, dezenas de jovens puxaram os mais velhos para um momento de dança, como que a antecipar a festa que irá juntar seguidores do PCP, mas não só, no próximo fim-de-semana no Seixal.