Opositor a Putin condenado (e libertado) regressa triunfalmente a Moscovo
Alexei Navalni agradece aos seus apoiantes e fala em vencer as eleições para presidente da câmara municipal
Navalni chegou de comboio – o julgamento decorreu em Kirov, a cerca de 800 quilómetros e 12 horas de comboio da sua casa em Moscovo. Ao sair na estação, esperavam-no milhares de pessoas, algumas com rosas brancas na mão.
A dureza da primeira sentença – uma analista dizia à BBC que “Navalni está-se a tornar um mártir, um novo Mandela russo” – contrasta com a decisão surpreendente do tribunal libertar o opositor para o deixar concorrer às eleições de 8 de Setembro.
Agradecendo aos seus apoiantes a pressão que fizeram para que fosse libertado (embora enquanto segue o processo de recurso da sentença), Navalni prometeu vencer a corrida à presidência da Câmara de Moscovo.
Navalni diz – e os analistas concordam – que o seu julgamento é um processo político. “Vocês destruíram o principal privilégio que o Kremlin está a tentar ter (…), que é levar um homem directamente da sala do tribunal [para a prisão}”, disse. “Tornaram possível que estes homens fossem libertados no dia seguinte”, disse referindo a si e a Piotr Ofitserov, condenado como seu cúmplice. “Comparado com isto, será fácil vencer eleições.”
No entanto, ainda há um obstáculo entre Navalni e as eleições municipais: uma lei russa que impede que sejam eleitas pessoas condenadas por delitos criminais.
Há quem defenda, no entanto, que as autoridades permitirão que Navalni concorra para dar uma aura de legitimidade à eleição, em que o candidato da Rússia Unida e o actual presidente da câmara, Sergei Sobianin, seja reeleito. Uma leitura feita por alguns analistas é a de que Sobianin quer que Navalni concorra, para dar uma aura de legitimidade às eleições municipais.
Navalni tornou-se a mais destacada figura da oposição, com um blogue com denúncias de casos de corrupção. Classifica o partido no poder como “um bando de ladrões e vigaristas” e na sala do tribunal lançou violentos ataques ao regime. “Isto não pode continuar”, disse ao juiz. “Uma situação em que 140 milhões de pessoas num dos maiores e mais ricos países do mundo estão subjugadas a uma mão cheia de monstros sem valor…Não são sequer oligarcas, que construíram a sua riqueza através de esquemas ou de sabedoria. São um bando de antigos activistas da Komsomol (juventude comunista) que se transformaram em democratas que se transformaram em patriotas, e agarraram tudo o que havia para si”.