PSD manifesta “estranheza” por PS votar a favor de censura ao Governo

Sociais-democratas lembram negociações em curso com o PS.

Foto
Duarte Pacheco falou em nome do grupo parlamentar do PSD

Esta posição foi transmitida pelo deputado social-democrata Duarte Pacheco, em declarações à agência Lusa, feitas em nome do grupo parlamentar do PSD.

"O grupo parlamentar social-democrata evidencia alguma estranheza pelo sentido de voto que o PS já comunicou quanto à moção de censura a apresentar pelo PEV", afirmou Duarte Pacheco, deixando "um apelo ao bom senso e à responsabilidade".

Segundo Duarte Pacheco, os sociais-democratas entendem "que o repto do senhor Presidente da República" para que PSD, PS e CDS-PP cheguem a um acordo de médio prazo "privilegia o interesse nacional" e estão "imbuídos de um espírito de boa-fé em todo este processo negocial" promovido pelo chefe de Estado, Cavaco Silva.

"Ora bem, é este princípio de boa-fé que nos leva a ficar com alguma estranheza pelo facto de o PS, simultaneamente, estar a negociar [com o PSD e o CDS-PP] e estar a aliar-se aos partidos que querem rasgar o memorando de entendimento na votação da censura", reforçou.

Questionado se o PSD considera que os socialistas estão numa atitude de contradição ao censurar o Governo enquanto dialogam com a maioria que suporta o executivo, Duarte Pacheco respondeu: "Pelo menos, para nós, é estranho".
"Apelamos aqui ao princípio da responsabilidade e ao princípio da boa-fé de e todos os agentes. Nós vamos mostrar esta nossa intenção, esta nossa vontade, e esperamos que o PS faça o mesmo", acrescentou.

O anúncio de que o PS vai votar a favor da moção de censura do PEV ao Governo, ainda por apresentar, agendada para quinta-feira desta semana, foi feito pelo líder parlamentar dos socialistas, Carlos Zorrinho, no domingo, na Guarda.

"O PS tem vindo, com toda a naturalidade, a censurar o funcionamento deste Governo que é um Governo esgotado e falhado. Apresentámos, aliás, há cerca de dois meses uma moção de censura e é por isso, com toda a normalidade, que nós vamos votar a favor da moção de censura apresentada pelos "Verdes"", justificou Carlos Zorrinho e, em seguida, assinalou que os socialistas não estão a negociar com o Governo, mas sim "num processo de diálogo com todos os partidos políticos que estiverem disponíveis", defendendo as suas causas.

Na quarta-feira, o Presidente da República fez uma comunicação ao país, na qual propôs um acordo de médio prazo entre PSD, CDS-PP e PS que assegure o apoio a medidas necessárias para que o Estado português regresse ao financiamento nos mercados no início de 2014 e para que se complete "com sucesso" o programa de resgate a Portugal que esses três partidos subscreveram em 2011.

Segundo o Presidente da República, em primeiro lugar, o acordo entre PSD, PS e CDS-PP "terá de estabelecer o calendário mais adequado para a realização de eleições antecipadas" e "a abertura do processo conducente à realização de eleições deve coincidir com o final do Programa de Assistência Financeira", prevista para Junho de 2014.

O chefe de Estado pretende ainda que esse acordo tripartido, a que chamou "compromisso de salvação nacional", inclua um comprometimento "entre os três partidos que assegure a governabilidade do país, a sustentabilidade da dívida pública, o controlo das contas externas, a melhoria da competitividade da nossa economia e a criação de emprego" após as próximas legislativas.

No domingo, PSD, PS e CDS-PP fizeram saber, através de comunicados iguais e divulgados em simultâneo, que tinham iniciado nesse dias conversações e que tinham fixado o prazo de uma semana para "dar boa sequência aos trabalhos previstos para a procura de um 'compromisso de salvação nacional'", pedido pelo Presidente da República.