Quadro vandalizado de Rothko pode demorar mais que 18 meses a ser restaurado
Um porta-voz da Tate Modern disse ao diário britânico The Telegraph que o rabisco na tela de Mark Rothko "foi feito com um tipo de tinta que deixou uma marca mais profunda [do que a que se pensava]", prevendo-se que o restauro demore mais do que 18 meses a estar concluido.
Em entrevista à britânica Radio 4, o editor da BBC Arts, Will Gompertz, explicou que “por causa da forma como Rothko trabalhava, construindo as suas pinturas com várias camadas de forma meticulosa, os restauradores vão ter de remover camada por camada de tinta e depois reconstruir a obra”.
Os técnicos de restauro terão de aplicar os mesmos materiais usados pelo artista, que podem incluir cola, resina sintética e ovo, numa tentativa de combinar o seu trabalho com o original. Outro aspecto que terão de ter em conta são os 50 anos da tela, que lhe conferem um aspecto envelhecido e alterado.
Vladimir Umanets, que se identificou no próprio dia do acto de vandalismo ao The Guardian como sendo o autor da marca deixada no quadro do pintor, foi detido dois dias depois de ter riscado Black on Maroon, que faz parte da série de murais Seagram. Umanets comparou-se a Marcel Duchamp, pai do dadaismo (em que os artistas retiravam os objectos do seu contexto habitual, assinando-os e conferindo-lhes um novo valor artístico).
Em entrevista à televisão ITV News, também na altura do crime, Vladimir Umanets afirmou: “Não quero ficar alguns meses, nem algumas semanas, na cadeia, mas acredito fortemente no que estou a fazer, dediquei a minha vida a isto”. O polaco foi libertado sob fiança e terá de ir a julgamento.
Mark Rothko nasceu a 25 de Setembro de 1903, em Dvinsk (Rússia) e, aos dez anos, mudou-se para os EUA. Foi um dos pioneiros do abstraccionismo expressionista e entre as suas obras mais conhecidas está a série de 1958, da qual o quadro vandalizado faz parte, para o luxuoso restaurante Four Seasons de Nova Iorque. Mais tarde, pouco antes da sua morte em 1970, o pintor abstraccionista decidiu que não queria as suas obras naquele restaurante e doou-os à Tate Modern.