Ticha Penicheiro: o fim da história mais bonita do basquetebol português

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Ticha Penicheiro em acção, pelas Sacramento Monarchs (em 2006) Foto: Rebecca Cook/Reuters

"São mais razões físicas. Já tenho 38 anos e são 15 anos de carreira profissional. É como um carro que tem muitos quilómetros", diz Ticha Penicheiro ao PÚBLICO, para justificar a decisão de acabar a carreira: "Chegou o tempo de terminar. O corpo começa a falhar e impede-me de jogar ao mais alto nível."

A basquetebolista nascida na Figueira da Foz confessa que "não é fácil pôr fim" a uma carreira tão longa. "Mas sabia que este dia ia chegar", disse ao PÚBLICO, por telefone, a partir de Chicago. "É a altura ideal para deixar o básquete. Esta época foi frustrante em termos de lesões", queixa-se a atleta, que nos últimos meses foi várias vezes infiltrada com analgésicos para poder jogar.

A decisão de pôr fim à carreira de basquetebolista foi anunciada no site oficial de Ticha na quarta-feira. Na última madrugada, a portuguesa fez o penúltimo jogo e amanhã despede-se. "O jogo de sábado vai ser emocionante. É o último e a equipa está a preparar uma homenagem. Talvez aí me aperceba realmente do que se está a passar", diz Ticha, que se confessa por enquanto "anestesiada" com tudo o que está a viver.

A atleta, de 38 anos, despede-se depois de ter construído um currículo muito rico. Foi campeã da WNBA em 2005 ao serviço das Sacramento Monarchs e é a recordista de assistências neste campeonato (o mais importante do mundo). Em 452 jogos, a portuguesa fez 2597 passes decisivos, o que dá uma média de 5,7 assistências por jogo.

A base portuguesa é ainda a segunda na lista dos roubos de bola (763) e quinta no total de minutos (12.783).

Ticha, cujo verdadeiro nome é Patrícia, joga basquetebol desde os seis anos. E o que vai ela fazer após 32 anos a praticar esta modalidade? Antes de mais, tirar férias do basquetebol. "Estou um pouco cansada mentalmente", admite a atleta, que assume o desejo de permanecer ligada à sua modalidade de sempre.

"O básquete tem sido a minha vida e há-de continuar a ser, porque foi um amor à primeira vista e quero continuar ligada de uma maneira ou de outra", diz a jogadora. E o que se segue? "Tenho várias portas entreabertas. Vamos ver qual se abre mais", responde Ticha, que não exclui a hipótese de ser treinadora, embora não imediatamente. O jornalismo (que estudou na Universidade de Old Dominion, quando se mudou para os EUA aos 19 anos) é outra hipótese. Assim como a representação de atletas.

Para trás ficará aquela que é a mais bonita história do basquetebol português. Ticha concorda? "Não me cabe a mim dizer", responde. "A dedicação, o trabalho e alguma sorte foram elementos importantes no meu sucesso", argumenta a jogadora, convidando todos a lutarem pelos seus sonhos. E dá o seu exemplo: "Era uma menina da Figueira da Foz sem nada de especial, de uma família pacata. Mas fazermos o que gostamos é a chave para o sucesso."

BI

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Patrícia "Ticha" PenicheiroData de nascimento

18/09/1974 (38 anos)

Local de nascimento

Figueira da Foz

Altura/Peso

1,80m/66,2 kg

Anos de profissional na WNBA

14

Posição

Base

Clubes

Ginásio Figueirense, União de Santarém, Old Dominion (EUA), Sacramento Monarchs (EUA), Lotos Gdynia (Polónia), Parma (Itália), Ekaterimburg (Rússia), Gdynia (Polónia), Valenciennes (França), Spartak de Moscovo (Rússia), TTT Riga (Letónia), San Giovanni (Itália), Umbertide (Itália) LA Sparks (EUA), Algés, USK (República Checa), Galatasaray (Turquia), Chicago Sky (EUA)

Palmarés

Campeã da WNBA (2005), campeã de Portugal (1993), bicampeã da Polónia (2000 e 2001), campeã de França (2005), campeã da Rússia (2007), vencedora da Euroliga (2007).

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