União Europeia de Radiodifusão critica concessão da RTP a privados

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A UER alerta para o risco de "confiar a gestão de um bem nacional valioso a interesses comerciais" Foto: Pedro Cunha

“Em nome de toda a comunidade de serviços públicos de radiodifusão na Europa, pedimos-lhe que abandone os planos que visam colocar a RTP em mãos privadas”, lê-se na carta aberta que o presidente, Jean-Paul Philippot, e a directora-geral da UER, Ingrid Deltenre, dirigiram a Pedro Passos Coelho.

Na missiva, divulgada hoje, em Bruxelas, os responsáveis da UER alertam para os perigos de uma eventual concessão da RTP a privados, uma hipótese admitida pelo consultor do Governo António Borges há cerca de duas semanas.

“Confiar a gestão de um bem nacional valioso a interesses comerciais - um passo sem precedentes em qualquer parte do mundo - colocaria em risco a reputação conquistada pela RTP. Interesses comerciais e públicos seriam misturados e o pluralismo ficaria em perigo”, afirmam.

Na carta, também enviada ao Presidente da República, Cavaco Silva, e ao ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, a UER diz ainda que a “RTP não deve ser transformada num bode expiatório”, argumentando que “as emissoras nacionais são mais importantes do que nunca em momentos de dificuldades nacionais”.

Hoje, o ministro dos Assuntos Parlamentares, que tutela a pasta da comunicação social, defendeu que é indispensável manter um serviço público de televisão, mas escusou-se a definir o modelo de negócio a seguir.

Miguel Relvas afirmou que a eventual concessão da RTP1 a privados e extinção da RTP2 não está definida, estando “a ser feitos estudos para determinar” o modelo.

A administração da RTP, liderada por Guilherme Costa, pediu a demissão do cargo, a qual foi aceite a 31 de Agosto.

A UER representa 56 estações televisivas europeias, entre as quais a RTP.