Cientistas desvendam vida sexual complicada dos pandas-gigantes
Já se sabia que o período fértil das fêmeas de panda-gigante ocorre apenas uma vez por ano e dura entre 24 e 72 horas, algures entre Fevereiro e Maio. Agora, pela primeira vez, investigadores estudaram o que acontece na reprodução dos machos em cativeiro. E ficaram surpreendidos. “Tal como as fêmeas, os machos têm um período reprodutivo sazonal, só que a janela temporal em que a reprodução é viável diverge muito entre os dois sexos”, escreve a equipa de cientistas do Instituto de Biologia da Conservação Smithsonian, em Front Royal, na Virgínia, Estados Unidos.
Durante três anos, a equipa, liderada por Copper Aitken-Palmer, estudou as variações sazonais dos níveis de testosterona, as concentrações de espermatozóides e comportamentos em oito machos no Centro de Reprodução em Cativeiro de Chengdu, na China.
Os investigadores descobriram que a época de reprodução dos machos, além de sazonal, também varia. Inicialmente, estes animais têm um período de pré-reprodução de 1 de Outubro a 31 de Janeiro e o início da época de reprodução ocorre entre 1 de Fevereiro e 21 de Março. “Testes à concentração de espermatozóides indicam níveis máximos de 22 de Março a 15 de Abril”, escreve a equipa. A época de reprodução começa a declinar a partir de 16 de Abril, até 31 de Maio.
Assim sendo, os machos são viáveis para reprodução durante seis ou mais meses do ano, o que indica que os dois sexos adoptaram estratégias de reprodução muito diferentes. Este comportamento não ajuda muito à recuperação da espécie. Estima-se que existam menos de 1600 pandas-gigantes em estado selvagem, nas florestas montanhosas do centro da China.
Para Aitken-Palmer, estes resultados mostram que os machos desenvolveram a capacidade de produzir esperma durante um longo período de tempo para garantir que têm espermatozóides quando ocorrer o imprevisível e breve período fértil das fêmeas.
“O panda-gigante é, talvez, uma das espécies mais estudadas. Por isso, é incrível como durante tanto tempo não conseguimos compreender as alterações fisiológicas básicas que ocorrem no macho durante a época reprodutora e fora dela”, disse Aitken-Palmer, citado num comunicado do Instituto de Biologia da Conservação Smithsonian.