BBC acusa três membros da FIFA de corrupção na década de 1990
Segundo documentos citados pelo programa da estação pública de televisão britânica, o brasileiro Ricardo Teixeira, o paraguaio Nicolas Leoz e o camaronês Issa Hayatou constam de uma lista de pagamentos da empresa, que nos anos de 1990 deteve os direitos de marketing e televisão dos Mundiais de futebol e que faliu em 2001.
A lista secreta de 175 pagamentos totaliza 100 milhões de dólares (75,4 milhões de euros, ao câmbio actual). Leoz terá recebido perto de 600 mil dólares (453 mil euros), Hayatou 100 mil francos franceses (15 mil euros) e Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, encaixou uma quantia não apurada. Os três recusaram fazer comentários sobre estas acusações, tal como a FIFA.
Estes três responsáveis continuam a fazer parte do comité executivo da FIFA e participam na quinta-feira na eleição dos países organizadores dos Mundiais de 2018 e 2022.
Este facto, aliás, levou os responsáveis da candidatura inglesa ao Mundial 2018 a tentarem demover a BBC de emitir o programa nesta data, alegando que poderá prejudicar as ambições britânicas.
O director da candidatura britânica chegou mesmo a acusar a BBC de falta de patriotismo e o primeiro-ministro David Camerom considerou “frustrante” a emissão desta reportagem a três dias da escolha dos organizadores do Mundial 2018 e 2022, mas salientou que Inglaterra é um país “com imprensa livre”: “Penso que a FIFA vai entender.” A televisão britânica contrapõe às críticas o argumento de que este tema é de interesse público.
O "Panorama" acusa ainda um quarto elemento da FIFA, o tobaguenho Jack Warner, de ter estado envolvido na tentativa de vender bilhetes no mercado negro durante o último Mundial, na África do Sul. Warner é, tal como Hayatou, vice-presidente da FIFA e também participará na votação de quinta-feira, em que é tido como apoiante da candidatura britânica.
Estas revelações surgem semanas depois de o “Sunday Times” ter denunciado que dois membros do Comité Executivo da FIFA, o nigeriano Amos Adamu e o taitiano Reynald Temarii, ofereceram o seu voto na eleição de quinta-feira em troca de dinheiro.
Adamu foi suspenso por três anos e Temarii por 12 meses. Nenhum dos dois vai participar na eleição de quinta-feira.
Notícia actualizada às 19h06