Nasceu o primeiro golfinho português gerado por inseminação artificial
O novo golfinho nasceu no dia 22 de Novembro no Algarve, filho de mãe "algarvia" e de pai "norte-americano".
A inseminação com sémen congelado permitiu evitar o transporte de um macho de outro parque ou da fêmea para outro recinto, já que os transportes de golfinhos "são logisticamente exigentes e complexos, devido à componente aquática", explicou Élio Vicente, director do parque temático de Albufeira.
Trata-se de "uma fantástica oportunidade para trocas de gâmetas sem necessidades de transporte de cetáceos", sublinha o biólogo, em comunicado.
Outra novidade mundial, segundo o especialista, é que durante o processo de inseminação a mãe-golfinho não teve que ser sedada ou retirada da água, uma vez que todo o procedimento contou com a sua colaboração.
A opção pela inseminação artificial visava evitar problemas de consanguinidade na família de golfinhos-roaz (Tursiops truncatus) do parque de Albufeira, uma vez que, até agora, todos os golfinhos ali nascidos eram filhos do mesmo pai, Sam.
A operação realizou-se com recurso a técnicos do SeaWorld, entidade especialista em técnicas de reprodução assistida, que trouxeram sémen de um golfinho para o Zoomarine e levaram, em troca, sémen de Sam.
A equipa do Zoomarine encarregou-se entretanto de treinar duas fêmeas para o processo, com recurso aos chamados comportamentos médicos voluntários, de modo a evitar utilizar qualquer sedativo ou restrição física durante o processo.
Como futura mãe, acabou por ser escolhida Cher, que foi habituada a lidar com procedimentos clínicos como ecografias e amostragens de sangue e urina, enquanto aprendia a manter-se tranquila em todo o processo.
De acordo com o director do Zoomarine, mãe e filha encontram-se bem na maternidade do "Delfinário do Sam", uma área circular com um diâmetro de 10 metros, e com um fundo ascendente, que pode subir até à superfície.
"A Alfa, como todos os bebés desta idade, mostra-se bastante activa e curiosa, nadando e respirando de acordo com a sua própria vontade, afastando-se muitas vezes da mãe, na sua natural curiosidade de quem tem o mundo para descobrir", acrescenta o responsável do Zoomarine.
Ainda assim, acentua, os biólogos marinhos, veterinários e treinadores mantêm-se particularmente atentos, já que "é elevada a taxa de mortalidade em golfinhos durante o primeiro ano de vida, devido ao incipiente sistema imunitário destas espécies nos primeiros meses de vida.