Dúvidas sobre a nacionalidade do autor de ataque na Alemanha
O jovem pode ter-se feito passar por afegão para ter mais hipóteses de obter asilo, avança um canal de televisão alemão.
O jovem responsável pelo ataque no combóio no Sul da Alemanha poderá não ser afegão, mas paquistanês. A hipótese, que vem levantar dúvidas sobre a atribuição do estatuto de refugiado, foi partilhada pelo ministro alemão do Interior, que avisou que a Alemanha deve estar preparada para mais ataques de “lobos solitários”.
“Nesta fase do inquérito, muitas indicações levam-nos a pensar que se trata de um atentado cometido por um único autor, que se deixou prender pela propaganda do Estado Islâmico”, afirmou o ministro Thomas de Maizière numa conferência de imprensa em Berlim.
Na segunda-feira à noite, um jovem de 17 anos entrou no comboio que fazia a ligação entre Treuchlingen e Wurzburg armado com um machado e uma faca; deixou cinco pessoas feridas, quatro em estado grave, antes de ser abatido pela polícia. As autoridades informaram mais tarde que se tratava de um refugiado afegão a viver com uma família de acolhimento, e adiantaram ter encontrado uma bandeira do EI durante as buscas no seu quarto, para além de um texto em pashtun (língua utilizada no Afeganistão e no Paquistão) com referências ao islão e à “necessidade de resistir”.
Horas mais tarde, a agência Amaq, ligada ao EI, que reivindicou o ataque, partilhava um vídeo onde, alegadamente, o jovem discursava para a câmara jurando vingar a morte de “homens, mulheres e crianças nos países muçulmanos”.
Comentando uma notícia avançada pelo canal público ZDF, Maizière comentou: “Há indicações segundo as quais não se tratará de todo de um afegão mas de um paquistanês, mas devemos deixar isso com a investigação”, afirmou. O ministro adiantou que pouco antes do ataque o jovem foi informado da morte de um amigo no Afeganistão e que esse “talvez tenha sido o elemento impulsionador”.
Terá sido uma análise ao vídeo divulgado pela Amaq que aponta para a nacionalidade paquistanesa, uma vez que são utilizados termos de um dialecto pashtun falado no Paquistão e não no Afeganistão, adiantou o ZDF. Para além de que o sotaque é também claramente paquistanês, de acordo com especialistas na língua ouvidos pelo canal televisivo.
“Talvez este seja um caso que está entre uma crise de loucura mortífera e o terrorismo”, sublinhou o ministro, citado pela AFP.
Depois dos atentados de Orlando, nos Estados Unidos, e de Nice, em França, os analistas têm chamado a atenção para os ecos perigosos que a ideologia do Estado Islâmico provoca em indivíduos perturbados, sem um comprometimento ideológico evidente.
Os primeiros elementos do inquérito permitem pensar que o jovem refugiado fez-se passar por um afegão à chegada à Alemanha, em Junho de 2015, para ter mais hipóteses de obter asilo, sublinha a ZDF. Mas, adianta a estação, o nome do autor dado pelo EI na sua reivindicação do ataque, "Muhammad Riyad", não corresponde ao que foi registado pelos serviços alemães: Riaz Kahn.