O jovem de 17 anos que atacou esta segunda-feira vários passageiros que seguiam num comboio no sul da Alemanha agiu “por vingança”. A informação é avançada pelas autoridades alemãs, que dizem que o autor do ataque, um jovem afegão, a viver na Alemanha há um ano e que estava agora entregue a uma família de acolhimento, quis vingar-se dos “infiéis”, que culpa pela morte de um amigo, no Afeganistão.

Sem se alongar em explicações, o Procurador-Geral da Baviera, Erik Ohlenschlager, afirma que o ataque teve "motivações políticas”, cita a BBC.  Segundo algumas testemunhas, o rapaz gritou “Allahu Akbar” (“Deus é maior”) durante o ataque. Segundo a Reuters, durante as buscas ao quarto do jovem de 17 anos, as autoridades encontraram uma bandeira do fabricada artesanalmente.

Depois de ter reivindicado a autoria do ataque, a agência Amaq, ligada ao grupo Estado Islâmico, partilhou esta terça-feira um vídeo onde, alegadamente, surge o autor do ataque. No vídeo de cerca de dois minutos onde discursa para a câmara, o jovem segura uma faca e diz que é com ela que vai vingar a morte de “homens, mulheres e crianças nos países muçulmanos”. Para já, as autoridades ainda não confirmaram a identidade do jovem do vídeo como sendo o autor do ataque em estação de comboios de Ochsenfurt.

Ainda assim, e apesar do grupo terrorista ter reclamado ligação ao ataque horas depois, o ministro do Interior da Baviera, Joachim Herrmann, reforçou que não existe nenhuma indicação de que o adolescente tenha estado em contacto directo com o grupo terrorista.  

Segundo as informações mais recentes, dois dos feridos estão ainda em estado crítico. Segundo o jornal South China Morning Post as vítimas em estado grave são de Hong Kong, todas da mesma família. Os números da Reuters registam ainda outras três vítimas, com ferimentos ligeiros. Um grupo de 14 pessoas teve de ser assistidas por estarem em estado de choque.

O incidente acontece poucos dias depois do ataque em Nice, em França, também reinvindicado pelo Estado Islâmico, que fez 84 mortos. Mohamed Lahouaiej Bouhlel, o francês de origem tunisina que conduzia o camião usado para a chacina, terá seguido uma das sugestões dadas pelo principal porta-voz do EI, Abu Muhammad al-Adnani, que num texto partilhado em Setembro de 2014 exortava acções contra os membros da coligação internacional: "Se não forem capazes de encontrar uma bomba ou uma bala, então esmaguem a sua cabeça com uma pedra, apunhalem-no com uma faca, atropelem-no com o vosso carro, atirem-no de uma falésia, estrangulem-no, envenenem-no…”. 

O ataque reacende o debate na Alemanha sobre a política de acolhimento de refugiados e levanta receios sobre a autoria de ataques terroristas protagonizados por “lobos solitários”. No último ano, a Alemanha recebeu cerca de um milhão de refugiados.

“Na mente de muitas pessoas, a chegada do autor do ataque está directamente ligada a Merkel e à sua política de acolhimento de refugiados”, analisa Frank Decker, um politólogo na Universidade de Bonn, citado pela Reuters.