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Este é o "ouro de Trás-os-Montes": vamos às castanhas!
Em tempo de São Martinho, a nossa homenagem à divina castanha: acompanhamos a apanha num souto de Espinhosela, Bragança, aprendemos como se assam castanhas na aldeia e, claro, não faltou a jeropiga.
Em 2022, os ventos não sopram de feição para a castanha. “Já cheguei a tirar 70 ou 80 toneladas, este ano se tirar metade já é bom”, resigna-se Lindolfo Garcia Afonso, "um dos maiores produtores" do Nordeste Transmontano. Tem “uns 40 hectares de castanheiros” espalhados pelo concelho de Bragança mas encontramo-lo num souto da aldeia de Espinhosela, numa experiência de apanha de castanhas em que participámos no primeiro fim-de-semana de Novembro.
Chegamos numa manhã de sol radioso, a dourar o souto de irresistíveis cores de Outono. Os castanheiros, que variam muito na idade e no tamanho, têm folhagens verdes mas os ouriços que deles caem, deixando libertar a castanha, que é um outro “ouro de Trás-os-Montes”, estão já castanhinhos, como se quer.
Baldes espalhados pela terra, lá se apanham castanhas de diferentes variedades. “Aqui tenho Longal, Cota, Amarelal, Zeive”, informa Lindolfo, 77 anos, que plantou grande parte dos seus castanheiros há “uns 30 anos”. Antes, andara por Espanha e França, em trabalhos variados, até que regressou à aldeia que o viu nascer. “Não quero outro lugar para viver.”
Ouvimos um ruído mecânico e Lindolfo chama-nos. “Querem ver a máquina a apanhar?” Num ponto mais elevado do souto, o seu filho Rómulo manobra a máquina que “varre” a terra e recolhe os ouriços e as castanhas, separando-os no interior. Antes, Lindolfo contratava “umas 10 ou 12 pessoas” para apanhar castanhas durante um mês; desde que comprou a máquina que lhe bastam “umas quatro ou cinco”. Mecanicamente, consegue-se apanhar “um hectare por hora”.
À hora de almoço, provamos um galo no pote na sede da Junta de Freguesia de Espinhosela e aprendemos como se assam as castanhas da aldeia. Em fogo de chão ateado por vides e dentro de um caldeiro furado que se mexe no momento certo. Estão quentes e boas – e a jeropiga também. Bom São Martinho! Sandra Silva Costa