Discotecas de Verão em Vilamoura não dão descanso a residentes

Antigo reitor da Universidade do Algarve, Adriano Pimpão, gastou dez mil euros a colocar vidros triplos em portas e janelas.

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As festas nocturnas prolongam-se até ao nascer do sol, queixam-se os moradores da zona Miguel Madeira

A GNR tem recebido várias queixas de pessoas que não conseguem descansar por causa da animação nocturna em Vilamoura, no concelho de Loulé. O presidente da Assembleia Municipal, Adriano Pimpão, é uma das vitímas do ruído produzido pelas discotecas que funcionam a céu aberto, até às seis horas. O antigo reitor da Universidade do Algarve resolveu o seu problema pessoal, com um investimento em vidros triplos, mas diz-se “inconformado, pela falta de resposta dos vários poderes com capacidade de intervir nesta matéria”.

Para ter direito ao descanso, o catedrático, que vive a 2,5 quilómetros da  zona em que se situa uma das discotecas temporárias do empreendimento gastou dez mil euros, mandando colocar vidros triplos, nas portas e janelas”. Depois do investimento, diz, resolveu o problema. Porém, não se dá por satisfeito, na medida em que sente que tem responsabilidades acrescidas, enquanto responsável autárquico pelo incómodo que a situação provoca a outros residentes e pessoas de férias.  Na sexta-feira, pelas  4h00,  o Hotel Tivoli Victória reclamou também contra o barulho excessivo que se fazia sentir na zona. As queixas de Adriano Pimpão e de outros têm chegado à GNR de Vilamoura, mas as autoridades limitam-se  a informar que não têm meio legais para mandar baixa o som das potentes aparelhagens sonoras.

Nesta altura do ano, Vilamoura regista o triplo da ocupação média anual. E não é só barulho que incomoda alguns residentes. Os engarrafamentos de trânsito fazem parte do rol de problemas que mais se fazem sentir.  Durante o dia 15 de Julho e 15 de Agosto, a Inframoura (empresa municipal responsável pela infra-estruturas do empreendimento) registou 450 mil automóveis a circular junto ao anel da marina.

Pela madrugada faz-se sentir a  chama “animação” turística, pontuada por  11 discotecas,  localizadas quase ao lado umas das outras. Quando chega a altura de os estabelecimentos fecharem a porta,  entre as 6h30 e as 7h30, as ruas ficam inundadas  com 6 a 7 mil jovens, a piscar os olhos ao sol acabado de nascer. A GNR reforçou o número de  efectivos na zona, colocando especial enfâse no combate à condução sob o efeito do álcool e, por noite, em média, são detidos seis condutores.

O presidente da Assembleia Municipal de Loulé luta, desde há dois anos, para colocar a questão da “poluição Sonora e turismo sustentável” no centro do debate político. No órgão a que preside apresentou ao executivo camarário um documento de reflexão sobre a “chamada animação turística e o direito dos cidadãos ao descanso”. A “reflexão” teve por objectivo a a discussão e aprovação de um Regulamento Municipal de Ruído, que entrou  em vigor em Janeiro deste ano. Mas o resultado está longe do que esperava.

Adriano Pimpão, propôs que os eventos que envolvessem emissão de ruído no exterior deveriam terminar à meia-noite, podendo ser a autorização alargada até às 2h00, apenas nas madrugadas de sábados, domingos e feriados. A proposta não teve acolhimento por parte da maioria dos deputados municipais. Através da emissão de uma “licença especial de ruído”, a câmara pode autorizar a abertura até às 6h00 desses espaços de diversão ao ar livre. Todavia, enfatiza o autarca, essas licenças, “ao contrário do que sucede, só podem ser autorizadas em casos excepcionais e devidamente justificados” .

No concelho,  diz a vereadora Ana Machado, os estabelecimentos estão equipados com aparelhos “limitadores de som, e o nível de ruído é registado online, nos serviços municipais”. Caso ultrapassem os valores programados, enfatiza, os alertas “disparam automaticamente”.  No caso da discoteca Bliss, na sequência da queixa apresentada por Adriano Pimpão, adianta, “foi feita a medição de ruído, através de uma empresa certificada, junto à casa [ do presidente da assembleia municipal], verificou-se que não ultrapassava os limites”.

A residência do autarca situa-se nas Várzeas de Quarteira, já no concelho de Albufeira,  e quando o vento sopra nesse sentido, queixa-se, “ninguém consegue dormir”. Ana Machado diz compreender as queixas dos cidadãos que sentem incomodados, mas observa que barulho pode diferentes variáveis: “Já tivemos uma queixa de alguém, na Quinta do Lago, que pretendia mandar silenciar um casal de pavões, que estava numa vivenda das proximidades”, exemplifica.  

Entretanto, no final da semana passada a GNR de Vilamoura fez chegar ao presidente da Assembleia Municipal de Loulé um relatório sobre o ruído naquela zona turística. Um das sugestões feitas ao poder autárquico, para evitar mais reclamações, é que seja reduzido o número máximo de decibéis nos equipamentos de som instalados em espaços de diversão ao ar livre. Quando o vento está de feição, e as noites quentes de Verão estão ao rubro, o som que sai das discotecas do litoral estende-se até ao interior da região. 

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