Canhões de água, cartazes, sestas improvisadas, detenções. De que são feitos os protestos em Israel

Na sequência do afastamento do ministro da Defesa, os protestos que já levam semanas, em Israel, subiram de tom. Os milhares de manifestantes que enchem as ruas exigem a suspensão da reforma judicial que Netanyahu se tem recusado a reverter.

Há doze semanas que há manifestações em Israel contra decisões do governo de coligação nacionalista liderado por Benjamin Netanyahu REUTERS/Ammar Awad
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Há doze semanas que há manifestações em Israel contra decisões do governo de coligação nacionalista liderado por Benjamin Netanyahu REUTERS/Ammar Awad

Os aviões não levantam voo de Telavive: o Ben Gurion, o maior aeroporto de Israel, está fechado. Dos dois mais importantes portos do país — Haifa e Ashdod — também não saem navios, segundo as agências de notícias. Há estradas cortadas, centros comerciais fechados, médicos a recusar assistência a casos sem gravidade. Os advogados deixaram de trabalhar. No Twitter, diferentes utilizadores dão conta de que não há escolas nem universidades a funcionar e de que até a cadeia de fast food McDonald's tenciona encerrar os seus restaurantes.

Em causa está a polémica reforma judicial aprovada pela equipa governativa de Benjamin Netanyahu, que fomenta a confusão entre poder executivo e judicial e protege o primeiro-ministro de ser afastado pela justiça —​ podendo apenas ser demitido por uma maioria de membros do seu Governo. Até o Presidente do país, Isaac Herzog, já pediu para que esta seja revertida. “Em nome da unidade do povo de Israel, em nome da responsabilidade, peço [a Netanyahu] o fim imediato do processo legislativo”, escreveu Herzog no Twitter. Netanyahu tinha agendado uma comunicação ao país para a manhã desta segunda-feira, mas terá sido entretanto adiada.

Depois de semanas de protesto e da demissão, no fim-de-semana, de Yoav Gallant, o ministro da Defesa que assumiu publicamente uma posição contrária a esta reforma, centenas de milhares de israelitas (estima-se que tenham sido 800 mil, cerca de um décimo da população do país) saíram às ruas de várias cidades e ameaçam juntar-se a uma possível greve geral que pode paralisar o país em poucas horas.

No último fim-de-semana, estima-se que 800 mil pessoas tenham saído à rua em várias cidades
No último fim-de-semana, estima-se que 800 mil pessoas tenham saído à rua em várias cidades REUTERS/Ronen Zvulun
Um canhão de água é usado contra os manifestantes, em Jerusalém
Um canhão de água é usado contra os manifestantes, em Jerusalém REUTERS/Ronen Zvulun
Apesar do uso de canhões de água, os manifestantes não desmobilizam totalmente
Apesar do uso de canhões de água, os manifestantes não desmobilizam totalmente REUTERS/Ronen Zvulun
A reacção de um manifestante após ter sido atingido por um canhão de água junto à casa do primeiro-ministro israeltira Benjamin Netanyahu
A reacção de um manifestante após ter sido atingido por um canhão de água junto à casa do primeiro-ministro israeltira Benjamin Netanyahu REUTERS/Ilan Rosenberg
Manifestantes reúnem-se do lado de fora do Knesset (Parlamento israelita). A cor predominante é o branco e o azul das bandeiras
Manifestantes reúnem-se do lado de fora do Knesset (Parlamento israelita). A cor predominante é o branco e o azul das bandeiras EPA/Abir Sultan
Os cartazes em defesa da democracia são os preferidos pelos milhares de manifestantes
Os cartazes em defesa da democracia são os preferidos pelos milhares de manifestantes REUTERS/Amir Cohen
"Pensei em algo inteligente para dizer, mas a única coisa que me ocorre é: que se lixe a ditadura", lê-se num dos cartazes
"Pensei em algo inteligente para dizer, mas a única coisa que me ocorre é: que se lixe a ditadura", lê-se num dos cartazes EPA/Yehuda Bergstein
Água para dispersar os manifestantes, em Jerusalém
Água para dispersar os manifestantes, em Jerusalém REUTERS/Ronen Zvulun
Momento da detenção de um manifestante em Jerusalém, que protestava contra a polémica reforma judicial do Governo
Momento da detenção de um manifestante em Jerusalém, que protestava contra a polémica reforma judicial do Governo REUTERS/Ronen Zvulun
Foi a demissão do ministro da Defesa, Yoav Gallant, no domingo, que desencadeou a maior onda de protestos
Foi a demissão do ministro da Defesa, Yoav Gallant, no domingo, que desencadeou a maior onda de protestos
Desde que as manifestações começaram, tem havido algumas estradas cortadas
Desde que as manifestações começaram, tem havido algumas estradas cortadas Atef Safadi
A meio de um protesto, é preciso recuperar forças e uma sesta à sombra pode ajudar
A meio de um protesto, é preciso recuperar forças e uma sesta à sombra pode ajudar REUTERS/Ilan Rosenberg
Um cartaz cruza a imagem do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e do vice-primeiro-ministro Yariv Levin com a legenda: "Yariv e o destruidor"
Um cartaz cruza a imagem do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e do vice-primeiro-ministro Yariv Levin com a legenda: "Yariv e o destruidor" AMMAR AWAD/Reuters
Imagem aérea de uma manifestação que teve lugar durante o fim-de-semana
Imagem aérea de uma manifestação que teve lugar durante o fim-de-semana REUTERS/Oren Alon
Tem havido marchas e desfiles em várias cidades de Israel e espera-se uma greve geral
Tem havido marchas e desfiles em várias cidades de Israel e espera-se uma greve geral AMMAR AWAD/Reuters
O antigo primeiro-ministro Yair Lapid dirige-se aos manfiestantes contra a reforma judicial do Governo, do lado de fora do Parlamento, em Jerusalém
O antigo primeiro-ministro Yair Lapid dirige-se aos manfiestantes contra a reforma judicial do Governo, do lado de fora do Parlamento, em Jerusalém ATEF SAFADI/EPA
"Salvem a nossa nação star-up", lê-se nesta faixa
"Salvem a nossa nação star-up", lê-se nesta faixa Reuters
As bandeiras do protesto têm várias cores
As bandeiras do protesto têm várias cores ATEF SAFADI/Epa