A longa relação de Christian Louboutin com Portugal tem novo fruto e quase maduro: por fim, quatro anos após ser anunciado oficialmente, o Hotel Vermelho, um luxo esmiuçado ao detalhe e de alto a baixo pelo designer de calçado, dá os primeiros passos, já com data de abertura a hóspedes marcada para 31 de Março. Fica em Melides, no concelho de Grândola, aldeia que Louboutin descobriu depois de, confessou ao Financial Times, se ter desapaixonado da Comporta, que vê agora como um ex-paraíso "sobreexplorado". Já por Melides promete-se o slogan "La vie en rouge" (a vida a vermelho, a lembrar Piaff).

Com casa em Lisboa e outras propriedades e atelier na Costa Alentejana, zona para a qual terá mais projectos, Louboutin, que passa férias e/ou reside temporariamente em Portugal desde os anos de 1980, quer que este que é o seu primeiro hotel, além de muito mundo e muito luxo, tenha um cunho extremamente pessoal: "Tinha de ser, de alguma maneira, uma extensão da forma como eu e os meus amigos vivemos em Portugal." Até porque, como diz, "nunca" desenhou hotéis: "só sei desenhar lares". Mas, como realça, tem "a sorte de ter muitos amigos".

Essa interligação de amizades dá corpo ao projecto de Melides, onde há mais de uma década o criador dos sapatos de salto alto de culto por causa das suas solas vermelhas fez casa e atelier: a arquitecta é Madalena Caiado, que revela ao jornal conhecer desde pequena, e que é irmã do seu advogado; o jardim que é o epicentro do hotel é assinado pelo paisagista Louis Benech, companheiro de muitos anos e colaborador do designer; muitos detalhes de materiais e artísticos são nascidos da relação com uma vizinha, Carolina Irving, editora de decoração da Vogue e Elle e designer têxtil; a decoração que dá voltas aos artesanatos da Ibéria e do mundo é de Patricia Medina.

O Vermelho Hotel, uma miríade de antiguidades de todo o mundo, murais, mobiliário, madeiras e tecidos nobres tais como nobres são a pedra, a azulejaria e a cerâmica, é composto por 13 quartos que se anunciam, no site oficial, como "únicos e singulares unidos por um amor à cultura e à criatividade". Cada um é diferente do outro em "tonalidade, texturas e estilo", mas todos partilham o tom geral, o vermelho.

Repartem-se pelas tipologias Vista Verde (o duplo mais económico) e Vista Verde com Varanda; suítes Júnior, Jardim Português e o crème de la crème, a Suíte Matinha, com uns 84m2 e "frescos pitorescos que embelezam as paredes, pintados à mão pelo artista grego Konstantin Kakanias". 

As reservas já estão abertas e os preços oscilam muito conforme as opções, sendo que em alguns períodos do ano é obrigatório um mínimo de duas ou até mais noites. O preço mais económico é o de abertura e para o duplo Vista Verde: em redor dos 342 euros, um valor que poderá ultrapassar os 612 euros por noite em Agosto. Os preços vão subindo conforme a tipologia e dias do ano até chegarem aos mais de mil euros por noite na suíte Matinha, quase o dobro (1890€) em Agosto e épocas altas.

Uma das mais-valias do Vermelho é o restaurante Xtian, comandado pelo chef David Abreu, que tem no currículo o restaurante António, em Macau, ou as cozinhas do SANA Malhoa, Grande Real Villa Italia e do Ritz Lisboa. A ementa promete ter como "protagonistas" os "produtos sazonais alentejanos". 

A gestão do hotel é assegurada pela Marugal que, com raízes espanholas, é especializada na gestão de hotéis de luxo por vários pontos do mundo, de "palacetes e edifícios nobres", incluindo, em Espanha, o Palacio Solecio de Málaga, os hotéis Urso e Tótem de Madrid, o Cap Rocat de Maiorca e o Torralbenc de Menorca; noutras paragens, o Beau Rivage em Genebra, o  Great Northern em Londres ou o Relais de Chambord no Loire.
                
Depois da estreia do Vermelho, avança o Financial Times, Louboutin tem planos para mais dois Vermelhos nas proximidades, um hotel junto à lagoa de Melides que deverá abrir em 2024, e outro num pinhal, ainda em desenvolvimento.