Em Kiev, a vida acontece debaixo de fogo, debaixo do solo

Em estações de metro encerradas, transformadas em abrigos temporários, os residentes de Kiev vivem (ou tentam sobreviver) entre a ansiedade e o tédio.

As pessoas abraçam-se no interior de uma estação de metro, abrigando-se de um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 14 de Janeiro de 2023 REUTERS/Nacho Doce
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As pessoas abraçam-se no interior de uma estação de metro, abrigando-se de um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 14 de Janeiro de 2023 REUTERS/Nacho Doce

25 de Dezembro, Kiev. No interior de uma estação de metro da capital ucraniana, aqueles que se abrigam dos raides aéreos russos entoam cânticos. Um cenário invulgar. “Os nossos inimigos preferiam que nos sentássemos e chorássemos por aqueles que morreram, por tudo o que está acontecer agora”, diz à ABC News a ucraniana Oksana Sobko, de 47 anos, no interior da estação subterrânea. “Em vez disso, cantaremos”, proclama, sustendo as lágrimas. 

No ano marcado pela invasão russa da Ucrânia e pela quebra de laços da Igreja Ortodoxa ucraniana com Moscovo, muitos ucranianos optaram por festejar o Natal a 25 de Dezembro e não a 7 de Janeiro, como era habitual. Assim, naquele dia, a emoção tomou conta do subterrâneo de Kiev – e a Reuters presenciou esse momento.

Em Dezembro de 2022 e Janeiro seguinte, as sirenes soaram inúmeras vezes, alertando para o perigo dos bombardeamentos russos sobre a capital da Ucrânia e, por conseguinte, lançando o pânico entre os civis à superfície. Quando o perigo vem do ar, é no subsolo que muitos encontram refúgio. Nas estações de metro encerradas, transformadas em abrigos temporários, os residentes vivem entre a ansiedade e o tédio, em busca de conforto num cenário anómalo.

Nas imagens captadas pela agência Reuters nas estações de metro de Kiev entre os dias 5 de Dezembro e 26 de Janeiro, os smartphones, os tablets e computadores portáteis são omnipresentes. Sentados nas escadas rolantes, nos corredores ou deitados no chão frio das estações, homens, mulheres, crianças e animais de estimação tentam abstrair-se da passagem das horas. Há quem viva momentos de partilha – de um abraço ou de uma dança – e quem opte por tentar dormir até poder regressar à superfície.

Habitantes de Kiev cantam canções de natal durante um raid aéreo russo no interior de uma estação de metro, no dia 25 de Dezembro de 2022
Habitantes de Kiev cantam canções de natal durante um raid aéreo russo no interior de uma estação de metro, no dia 25 de Dezembro de 2022 REUTERS/Valentyn Ogirenko
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 26 de Janeiro de 2023
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 26 de Janeiro de 2023 REUTERS/Vladyslav Musiienko
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 14 de Janeiro de 2023
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 14 de Janeiro de 2023 REUTERS/Vladyslav Musiienko
As pessoas dançam no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 14 de Janeiro de 2023
As pessoas dançam no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 14 de Janeiro de 2023 REUTERS/Clodagh Kilcoyne
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 29 de Dezembro de 2022
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 29 de Dezembro de 2022 REUTERS/Vladyslav Musiienko
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 29 de Dezembro de 2022
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 29 de Dezembro de 2022 REUTERS/Vladyslav Musiienko
Residentes de Kiev usam o telemóvel e a internet junto à estação do metro onde irão abrigar-se, após uma infraestrutura civil ter sido atingida por mísseis russos, no dia 16 de Dezembro de 2022
Residentes de Kiev usam o telemóvel e a internet junto à estação do metro onde irão abrigar-se, após uma infraestrutura civil ter sido atingida por mísseis russos, no dia 16 de Dezembro de 2022 REUTERS/Valentyn Ogirenko
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 5 de Dezembro de 2022
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 5 de Dezembro de 2022 REUTERS/Shannon Stapleton
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 16 de Dezembro de 2022
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 16 de Dezembro de 2022 REUTERS/Vladyslav Musiienko
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 16 de Dezembro de 2022
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 16 de Dezembro de 2022 REUTERS/Viacheslav Ratynskyi
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 14 de Janeiro de 2023
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 14 de Janeiro de 2023 REUTERS/Vladyslav Musiienko
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 26 de Janeiro de 2023
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 26 de Janeiro de 2023 REUTERS/Vladyslav Musiienko
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 25 de Janeiro de 2023
As pessoas abrigam-se no interior de uma estação de metro durante um ataque maciço de mísseis russos, em Kiev, a 25 de Janeiro de 2023 REUTERS/Vladyslav Musiienko