O skate por mulheres e pessoas não-binárias: a “mais incrível e desafiante viagem”

Há uma década que Hannah Bailey fotografa mulheres e pessoas não-binárias que dominam a tábua de skate. Com a série To Balance is Trust quer mostrar um lado do desporto de rua que nem os Jogos Olímpicos conseguem capturar.

Denia Kopita é uma das skaters com maior habilidade técnica actualmente em Atenas, na Grécia. É voluntária na Free Movement Skateboarding, uma ONG que promove a inclusão social através do skate. Hannah Bailey
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Denia Kopita é uma das skaters com maior habilidade técnica actualmente em Atenas, na Grécia. É voluntária na Free Movement Skateboarding, uma ONG que promove a inclusão social através do skate. Hannah Bailey

No ano em que o skate chegou, pela primeira vez, aos Jogos Olímpicos, Hannah Bailey não quis que a narrativa sobre o desporto fugisse das mãos de skaters que ficam fora das grandes competições. No seu mais recente projecto, To Balance is Trust, retratou mulheres e pessoas não-binárias (que não se enquadram no binário masculino/feminino) que conquistam os skateparks.

A fotógrafa britânica, que acompanha, há uma década, mulheres skaters, conhece bem o esforço necessário para quebrar a ideia de que esta é uma “brincadeira de rapazes”. Por isso, assume como missão desafiar a “percepção da sociedade sobre os papéis de género no skate”, e a forma como as mulheres são representadas enquanto atletas.

“Da mesma forma que um skater confia na sua prancha, também deve confiar na lente de um fotógrafo e na mensagem que transmite com as suas fotografias”, diz Hannah Bailey, num email ao P3. “É um equilíbrio andar de skate e confiar na fotografia, creio eu, daí o nome desta série [To Balance is Trust, em português, equilibrar é confiar].”

Entre disparos da máquina fotográfica, Hannah entregou às skaters um papel em branco para que contassem as suas histórias e descrevessem o que as apaixona no desporto. A intenção: quebrar estereótipos e deixar as mensagens como inspiração para quem as queira ler.

Mac Morrice, de oito anos, escreve, com uma caligrafia que deixa adivinhar a idade: “Quando estou a andar de skate sinto-me feliz e aprendo algo novo todos os dias. Não importa o quão bom és, apenas que te divirtas.”

“Espero que esta série mostre um lado do skate que os Jogos Olímpicos não conseguem capturar ou definir. Com To Balance is Trust quero alargar a visibilidade de um nicho e do lado underground desta subcultura”, explica Hannah Bailey.

A fotógrafa retratou mais de 20 pessoas unidas pelo desporto, no Reino Unido, Grécia e Japão, mas em diferentes missões: Lily Rice é campeã de motocross em cadeira de rodas, Marie Mayassi fundou a Melanin Skate Gals and Pals, para que exista maior diversidade étnica e queer no skate, e Amy Allard-Dunbar é co-fundadora da SkateBoobs, um colectivo de skaters formado por mulheres, pessoas não-binárias e lgbtq+.

Nas palavras de Amy Allard-Dunbar, o skate é liberdade, auto-expressão, "pura alegria e frustração". “Este desporto deu-me tanta confiança em tão pouco tempo, permitiu-me descobrir e explorar características minhas que nunca conheci. Agradeço ao skate por ser a viagem mais incrível e a mais desafiante.”

Denia Kopita anda de skate num espaço improvisado, em Atenas. Denia gere a revista de skate "Skateism", que se distingue por uma preocupação com a diversidade e a representação de mulheres e pessoas lgbtq+.
Denia Kopita anda de skate num espaço improvisado, em Atenas. Denia gere a revista de skate "Skateism", que se distingue por uma preocupação com a diversidade e a representação de mulheres e pessoas lgbtq+. Hannah Bailey
Amy Allard-Dunbar faz um truque na Bristo Square, um lugar popular entre skaters em Edimburgo.
Amy Allard-Dunbar faz um truque na Bristo Square, um lugar popular entre skaters em Edimburgo. Hannah Bailey
Skater Amy Allard-Dunbar em Edimburgo, na Escócia. Co-fundadora da SkateBoobs, um grupo de skaters de que fazem parte mulheres, pessoas não binárias e queer.
Skater Amy Allard-Dunbar em Edimburgo, na Escócia. Co-fundadora da SkateBoobs, um grupo de skaters de que fazem parte mulheres, pessoas não binárias e queer. Hannah Bailey
Emily Rothney, skater escocesa de 13 anos na mini rampa do seu jardim, em Carrbridge, na Escócia. Emily é skater e pratica snowboard.
Emily Rothney, skater escocesa de 13 anos na mini rampa do seu jardim, em Carrbridge, na Escócia. Emily é skater e pratica snowboard. Hannah Bailey
Emily Rothney na pequena rampa do seu jardim, na Escócia. Pratica skate aqui, todos os dias, com a irmã Rosie.
Emily Rothney na pequena rampa do seu jardim, na Escócia. Pratica skate aqui, todos os dias, com a irmã Rosie. Hannah Bailey
Mac Morrice, de oito anos, pratica skate há mais de cinco anos. É parte de uma nova geração de raparigas a dominar o skate, em parte pela influência de Sky Brown e da maior representação feminina no desporto.
Mac Morrice, de oito anos, pratica skate há mais de cinco anos. É parte de uma nova geração de raparigas a dominar o skate, em parte pela influência de Sky Brown e da maior representação feminina no desporto. Hannah Bailey
Mac Morrice prepara-se para descer uma rampa num parque de skate perto de sua casa, em Winchburgh, na Escócia.
Mac Morrice prepara-se para descer uma rampa num parque de skate perto de sua casa, em Winchburgh, na Escócia. Hannah Bailey
Marie Mayassi, co-fundadora da Melanin Skate Gals and Pals, faz um ollie por baixo de uma ponte, na zona este de Londres. Trabalha para que exista maior diversidade étnica nos eventos de skate.
Marie Mayassi, co-fundadora da Melanin Skate Gals and Pals, faz um ollie por baixo de uma ponte, na zona este de Londres. Trabalha para que exista maior diversidade étnica nos eventos de skate. Hannah Bailey
Marie Mayassi faz uma pausa durante uma das sessões que dinamiza para a Melanin Skate Gals and Pals, em Londres.
Marie Mayassi faz uma pausa durante uma das sessões que dinamiza para a Melanin Skate Gals and Pals, em Londres. Hannah Bailey
Lê-se na carta de Mac Morrice, de oito anos: "Quando estou a andar de skate sinto-me feliz e aprendo algo novo todos os dias. Não importa o quão bom és no skate, apenas que te divirtas."
Lê-se na carta de Mac Morrice, de oito anos: "Quando estou a andar de skate sinto-me feliz e aprendo algo novo todos os dias. Não importa o quão bom és no skate, apenas que te divirtas." Hannah Bailey
Lê-se na carta de Amy Allard-Dunbar: "Para mim o skate é liberdade. É auto-expressão, é pura alegria e frustração. O skate deu-me tanta confiança em tão pouco tempo – permitiu-me descobrir e explorar características minhas que nunca tinha conhecido. Na liberdade vêm todas estas coisas e muito mais, e agarrar na minha prancha e começar uma viagem comigo mesma é a maior liberdade que já encontrei. O meu amor pelo skate começou verdadeiramente a ser explorado e estou entusiasmada por ver onde me leva a seguir. Agradeço ao skate por ser a viagem mais incrível e a mais desafiante."
Lê-se na carta de Amy Allard-Dunbar: "Para mim o skate é liberdade. É auto-expressão, é pura alegria e frustração. O skate deu-me tanta confiança em tão pouco tempo – permitiu-me descobrir e explorar características minhas que nunca tinha conhecido. Na liberdade vêm todas estas coisas e muito mais, e agarrar na minha prancha e começar uma viagem comigo mesma é a maior liberdade que já encontrei. O meu amor pelo skate começou verdadeiramente a ser explorado e estou entusiasmada por ver onde me leva a seguir. Agradeço ao skate por ser a viagem mais incrível e a mais desafiante." Hannah Bailey