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De novo com fiéis, procissão das velas ilumina Santuário de Fátima
Este ano, recinto do Santuário de Fátima tem autorização para acolher 7500 fiéis. Lotação máxima foi atingida pelas 20h25.
“Não permitirei que o medo domine”, parafraseou o cardeal D. José Tolentino Mendonça, a partir do altar do Santuário de Fátima, que, mitigada a pandemia que, no ano passado, afugentou os fiéis do recinto, voltou este ano a encher-se de gente para mais uma peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de Maio.
“De Maio passado a este vivemos um ano difícil. Experimentamos uma vulnerabilidade que desconhecíamos. A pandemia em curso ceifou vidas e alastrou lutos”, evocou o arquivista e bibliotecário do Vaticano, recuando à época dos pastorinhos Francisco, Jacinta e Lúcia, “quando a febre da pandemia fazia milhões de vítimas”.
“A actual pandemia tem disseminado sofrimento: condicionou sociabilidades, isolou-nos uns dos outros, acentuou solidões”, acrescentou o cardeal e poeta, para lembrar que a crise sanitária “activou outras crises, no campo social, na precarização do trabalho, no agravamento das dificuldades económicas, na pobreza que cresce e não só entre os segmentos considerados mais frágeis, na debilitação do campo escolar, na diminuição de presenças nas comunidades cristãs e na incerteza que pesa sobre a vida de tantos”.
Agora, com o coronavírus mais perto de ser contido, o exercício da fé pode ajudar a exorcizar “a fadiga e o esforço, a solidão e as lágrimas, o cansaço e as necessidades de todos”, acrescentou D. José Tolentino Mendonça, apelando a que a crise “não se torne uma crise de esperança”, sem a qual não será possível a construção de “sociedades eticamente qualificadas, sociedades que concretizam a justiça social e a fraternidade entre todos os homens”.
“A turbulência da pandemia também nos desinstalou e nos ajudou a identificar o essencial com mais clareza”, sustentou Tolentino Mendonça, desafiando os peregrinos, devidamente alinhados nas “bolhas” de segurança demarcadas no chão, a fazer das interpelações levantadas pela pandemia num “trampolim de futuro”.
No momento, os responsáveis do santuário demonstraram, mais uma vez, ser capazes de garantir o exercício responsável da celebração, dado que, apesar de ter havido necessidade de fechar os portões, cerca de uma hora antes do início das celebrações, deixando de fora do recinto um número indeterminado de peregrinos, não se registaram quaisquer desacatos.